Como decolar na carreira da tecnologia da informacao e comunicacao
Como Decolar na Carreira da Tecnologia da Informação e Comunicação
Nota sobre direitos autorais, termo de uso e isenção de responsabilidade
Autor: Leonardo Furtado
Introdução
Confesso que tive certa dificuldade em produzir este artigo, pois, sabe como é, as vezes a minha cabeça dá aquela viajada e vai a mil! Sabe aquela diferença entre control plane e data plane? RIB e FIB? Nem sempre é fácil colocar de forma prática, concreta e útil mesmo, aquilo que estou maquinando lá nos confins de minha mente...
Mas o que me motivou a seguir adiante e a tentar implementar as minhas idéias aqui, no "data plane", ou seja, na forma de um artigo, foi a constatação após anos e anos dialogando com diversos profissionais na área, dentre alunos, colegas de trabalho e clientes, especificamente quando discutindo (ou observando apenas) a questão de resultados na carreira profissional destes e de outros indivíduos. Faça as seguintes perguntas a si mesmo:
- Com quantas pessoas você já conversou sobre insatisfação com o trabalho, especialmente aquelas questões relacionadas aos resultados em suas carreiras?
- Com quantas pessoas você já dialogou que não sabem exatamente por onde começar na área, no que diz respeito a estudos, certificações, e afins?
- Com quantas pessoas você já dialogou sobre estagnação na questão de conhecimentos? Pessoas que já atuam na área por alguns anos, mas que estão literalmente estagnadas?
- Quantos indivíduos da área você conhece (talvez você seja um destes!) que possuem em seus computadores, ou até mesmo em HDDs externos, uma fartura monstruosa de materiais de todos os tipos, dentre ebooks, cursos, PDFs, PPTs, etc., mas que, ao mesmo tempo, não conseguem extrair praticamente qualquer coisa útil, ou que usufruem muito pouco disto tudo?
- Quantos indivíduos "cursomaníacos", os chamados "studentholics", você conhece? Aqueles caras que fazem cursos bem frequentemente de praticamente tudo mas que, ao mesmo tempo, isto aparentemente faz pouca diferença para suas carreiras?
Convenhamos, a quantidade de materiais - fartura mesmo - disponíveis na Internet é praticamente infinita, desde artigos, blogues, vídeos, tutoriais, cursos EAD, sem contar com aquilo que você pode fazer fora da Internet, tais como cursos, seminários e workshops presenciais, dentre tantas coisas. Tudo isso é muito farto e amplamente disponível. E muita gente é exposta a uma rotina assim, com excesso de informação e acesso a todo tipo de material, mas, estranhamente, são pessoas que não conseguem atingir os seus objetivos de carreira. Possuem dificuldades para evoluir técnica e profissionalmente, ou não se sentem realizadas com seus trabalhos vigentes, ou ambos. Onde está o problema?
Ao longo dos meus quase 25 anos de carreira, consegui identificar os seguintes quatro perfis de indivíduos que não têm tido êxito nas questões associadas ao crescimento de suas carreiras profissionais. Veja se você consegue se identificar em algum destes perfis:
- O indivíduo que tem recursos adequados (materiais, acesso a cursos, mentoria, etc.), mas que não tem organização pessoal para usufruir disto (foco, disciplina, compromisso, responsabilidade, etc.).
- O indivíduo que não tem os recursos suficientes (materiais, acesso a cursos, mentoria, etc.), mas possui alguma ou boa organização pessoal (foco, disciplina, compromisso, responsabilidade, etc.).
- O indivíduo que tem nem um, nem outro. Ou seja, sem recursos e sem organização pessoal adequados.
- O indivíduo que possui ambos recursos e organização pessoal, mas que, mesmo assim, está virtualmente estagnado ou sem ainda obter êxito desejado no crescimento de carreira.
Agora, faço a seguinte pergunta. Aliás, recomendo que você faça também a si mesmo: o que estes quatro perfis possuem em comum?
As minhas respostas seriam:
- Obtenção de conhecimentos. Sim, este 4 perfis possuem em comum o interesse pela obtenção de conhecimentos como um dos pilares de objetivos de carreira, visando precisamente o crescimento ou evolução em suas profissões.
- Motivações pessoais. Para alguns, uma questão puramente financeira, ou seja, evoluir para conquistar trabalhos de melhor remuneração. Para outros, a pura satisfação de estar lidando com algo que lhes dê prazer ou que os habilitem a encarar e superar desafios. Para muitos, as duas coisas!
Mais uma pergunta aqui: é possível identificar os elementos impeditivos em comum para estes 4 perfis, ou seja, por que, com tantos recursos, materiais, cursos, "excesso de informação", muitos profissionais da área não conseguem evoluir?
A minha resposta mais precisa para esta pergunta é o método. O problema está no método. Ou o método é ausente, incompleto, desfocado, desviado ou disforme. Método possui como significado "ramo da lógica que se ocupa dos métodos das diferentes ciências" e, por extensão, "corpo de regras e diligências estabelecidas para realizar uma pesquisa; método.". Eu entendo que, antes de você querer sair estudando tudo o que vir pela frente, ler indeliberadamente todo o tipo de material, realizar todos os cursos e exames que certificação que aparecerem na sua frente, etc., enfim, que antes de tudo isso, você estabeleça um método. Será exatamente este método que norteará todo o seu roteiro de ascensão profissional, apontará para a direção para qual você deverá navegar, ditará algumas diretivas essenciais para o êxito desta sua empreitada pela busca do conhecimento, e responderá a tantas das perguntas e preocupações que você vive no momento:
- Identificação dos conteúdos relevantes para o meu propósito de carreira, os quais são ditados por objetivos, motivações pessoais, diretivas do trabalho vigente, etc. ("O que eu devo estudar?")
- A validação de aderência dos temas e tópicos. ("O que é relevante para reconhecimento profissional e funcionamento ou efetividade em curto prazo? E, no longo prazo, o que devo observar para dar o próximo salto na carreira?")
- A identificação de pré-requisitos e estruturação de interações. ("Qual deverá ser a ordem de prioridades e sequências dos meus estudos?")
- Elaboração de um plano de estudos. ("Como devo conduzir a minha busca por conhecimentos?")
- Metodologias didáticas de ensino e aprendizado.
- Recursos didáticos.
- Ferramentas.
- Validação, aderência e aptidão.
- Reorganização pessoal para acomodar meu plano de estudos.
- Disciplina.
- Foco.
- Compromisso.
- Responsabilidade.
- Educação continuada.
- Etc.
Por isto que entendo que o método vem antes de tudo. Antes mesmo de questões óbvias, como a disciplina, foco, compromisso e tudo mais, tudo deve começar com o a definição e instauração propriamente dita de um método, pois este deverá compor o alicerce que acomodará todo o resto. E é basicamente por este modelo ou arranjo de idéias que resolvi organizar este artigo. Entenda que este artigo tem uma pegada um tanto "pessoal", e estou sendo honesto com o leitor: não sou formado em pedagogia, não sou educador, tampouco professor. Sou apenas um (acredito) qualificado "arquiteto de soluções de TI" com muitos anos de bagagem nas funções de engenharia de redes e sistemas, projetos executados em tantas empresas que já perdi as contas, além de umas 7 mil "horas de vôo" atuando também como instrutor. Embora estas credenciais não me qualifiquem como pedagogo ou educador, acho que reúno bagagem o suficiente para, legitimamente. contribuir para que estudantes e profissionais da área consigam identificar as suas fraquezas e limitações, almejando êxito para as suas carreiras.
Espero que você curta a leitura deste artigo tanto quanto eu curti para produzi-lo. Vamos lá?
Significado da palavra "conhecimento"
Caso você esteja se perguntando "como decolar na carreira da tecnologia da informação e comunicação?", a minha resposta mais objetiva para esta pergunta seria: conhecimento. Há aqueles que adorariam complicar as coisas e sugerir a incorporação de outros elementos e complexidades, tais como condição social, falta de oportunidades, fator "Q.I." ("Quem Indica", o famoso contatinho com o "Comandante Faber Castell" lá da empresa), profissional naturalmente desmotivado por ter percebido, após um tempo, que aquela profissão não era para ele, dentre outros fatores e complicações. O fato é, independentemente disso tudo, você jamais decolará na carreira sem o conhecimento. Seja você rico ou pobre, preto ou branco, nordestino ou sulista, hétero ou homo, evangélico ou ateísta, tudo isso é mínimo se comparado ao que realmente importa para você conseguir deslanchar nesta área, aliás, em qualquer profissão: conhecimento. Você pode até ter ótimos conhecimentos e estar com falta de sorte no momento, mas um indivíduo sem conhecimento é um indivíduo pouco útil para esta ou qualquer carreira ou profissão.Você pode até conseguir um emprego na área com conhecimentos fracos ou medianos, mas, decolar, jamais!
No entanto, o termo "conhecimento" é um tanto subjetivo e precisaríamos explorar isto com maior propriedade para que conseguíssemos traçar um caminho que de fato pudesse levá-lo ao tão desejado êxito na carreira da tecnologia da informação e comunicação (ou "TIC"). E é exatamente esta e outras respostas que planejo abordar neste artigo, além de tentar sugerir um plano ou roteiro que possa ser seguido por você, leitor, seja você um iniciante na área ou um profissional já rodado, com alguma experiência.
Para provar que o termo conhecimento é tão subjetivo para os nossos propósitos, mas, ao mesmo tempo, tão óbvio, vejamos o seu significado gramatical:
Substantivo masculino
1. ato ou efeito de conhecer.
2. ato de perceber ou compreender por meio da razão e/ou da experiência.
Significado de conhecimento, conforme o dicionário Aurélio:
Substantivo masculino. Entendimento sobre algo; saber: conhecimento de leis. Ação de entender por meio da inteligência, da razão ou da experiência. [Por Extensão] Ação de dominar uma ciência, uma arte, um método, um procedimento etc.: ele tinha grande conhecimento de história.
Tipos de conhecimentos, e como estes estão relacionados com a nossa carreira na área de TIC
Para que tudo possa fazer sentido neste artigo precisamos envolver melhor o uso deste termo, deste substantivo denominado "conhecimento", pois, afinal de contas, temos que identificar quais coisas, situações, contextos e propósitos deverão estar compreendidos nesta definição. E como isto pode ser vislumbrado nos diversos tipos de conhecimentos de acordo com alguns dos modelos empregados pelos indivíduos mais "letrados" nesta seara da pedagogia.
Os padrões ou tipos de conhecimentos que você precisa perseguir para atuar na área de TIC, ou para especializar-se em uma determinada tecnologia, variam de acordo com o perfil que você preenche atualmente ou que pretende preencher em futuro próximo, como uma nova vaga, upgrade de nível na área, dentre outras situações. Para começarmos, tentemos classificar estes padrões de conhecimentos que entendo fazerem parte da área de TIC, e fazendo isto através de uma linguagem mais técnica inicialmente. Na tabela a seguir, focarei nos tipos de conhecimentos e como estes podem estar associados com a nossa carreira de TIC. Para esta dissertação de casos, desprezarei a necessidade de incluir alguns tipos de conhecimento que são irrelevantes para os meus propósitos pretendidos, como o teológico, mítico, sensorial, artístico e outros.
Empírico | Científico | Filosófico | Tácito | |
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Definição | É o tipo de conhecimento que adquirimos no dia-a-dia, obtido principalmente por observação, experiência em lidar com os resultados herdados por senso comum; conhecimento obtido através da vivência com equipes e times de trabalho. É chamado também de conhecimento popular, vulgar, ou por herança. | Esse tipo de conhecimento engloba análises de informações e fatos que foram cientificamente comprovados por meios de métodos, observações associadas à experimentações, e servindo para atestar a veracidade ou falsidade de determinada teoria ou conceito. | É o conhecimento que surge das reflexões que fazemos sobre as questões imateriais e subjetivas, baseado na reflexão e construção de conceitos e ideias, a partir do uso do raciocínio em busca do saber, e tendo como principal preocupação questionar e encontrar respostas racionais para determinadas questões, mas não necessariamente comprovar algo. | Similar ao conhecimento empírico, o conhecimento tácito se baseia nas experiências vivenciadas individualmente por cada pessoa ao longo da vida, sendo, neste caso, um conhecimento particular do indivíduo. Frequentemente obtido com base na tentativa e erro. |
Valor | É valorativo, pois este tipo de conhecimento apoia-se nas experiências pessoais. Acredita-se que o conhecimento empírico ajuda a percorrer um caminho mais curto, através do qual relacionamos tudo o que observamos com nossas experiências anteriores. | O valor deste conhecimento é factual, uma vez que lida efetivamente com fatos e ocorrências. | Valorativo, pois este tipo de conhecimento lida com hipóteses que não podem ser observadas. | É valorativo, pois este tipo de conhecimento apoia-se nas experiências pessoais, mais ainda do que os conhecimentos obtidos de forma empírica. |
Verificação | É verificável, pois se trata de situações ligadas ao dia-a-dia. | É verificável, pois é alimentado por fatos e resultados. | Não é verificável, pois se trata de teorias que não podem ser testadas. Ou seja, seu ponto de partida consiste em hipóteses, as quais não poderão ser submetidas à observação | É verificável, pois se trata de situações ligadas ao dia-a-dia. |
Exatidão | Falível, pois não é definitivo, já que determinada idéia ou teoria pode ser derrubada e substituída por outra, e inexato. | Falível, pois não é definitivo, já que determinada idéia ou teoria pode ser derrubada e substituída por outra, a partir de novas comprovações e experimentações científicas, e aproximadamente exato. | Infalível, pois suas hipóteses e definições não são submetidas ao decisivo teste da observação ou experimentação. e exato. | Falível, pois não é definitivo, já que determinada idéia ou teoria pode ser derrubada e substituída por outra, e inexato. |
Sistema | É assistemático, pois é organizado com base nas experiências do indivíduo exercitadas sob senso comum. | É sistemático, pois todo o conhecimento é ordenado logicamente. | É sistemático, pois este conhecimento busca uma coerência com a realidade estudada. | É assistemático, pois se baseia nas experiências vivenciadas individualmente ao longo da vida. |
Exemplos gerais |
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Em todos estes casos, tratam-se de algo que é aprendido apenas a partir da experiência e tentativa, sendo desnecessário o uso de instruções escritas ou orais para aprender. |
Exemplos relacionados à nossa área de TIC |
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Note que não está sendo feito qualquer julgamento em termos de "que tipo de conhecimento é melhor?" porque isto simplesmente não existe! Em termos de resultados, ou eficácia, um conhecimento empírico pode ser (e muitas vezes é!) o meio mais correto ou indicado para resolvermos um problema, ou que um conhecimento puramente tácito promova os resultados desejados de forma mais efetiva que com um conhecimento empírico apenas. Um conhecimento científico não é melhor só porque é baseado em alguma teoria aliada à uma comprovação por método, pois um conhecimento filosófico pode resolver, e com alguma frequência isto acontece, um desafio que não está sendo possível resolver com um conhecimento científico; enfim, acho que você me entendeu.
Caso você não tenha identificado uma afinidade ou utilidade entre esta tabela acima e a proposta deste artigo, algo tipo "tudo muito supérfluo!", sugiro que repense! Apesar de ter um aspecto um tanto teórico, acho de suma importância você saber identificar como os seus conhecimentos vigentes estão enquadrados ou tipificados. Lá na frente isto poderá ser útil na hora de identificar o que precisa ser feito para aprimorar a maneira como você entende o funcionamento de determinadas tecnologias ou soluções, ou quais práticas e processos precisam ser aprimorados para um suporte mais efetivo destas, dentre outras situações. Alguns exemplos de como este "drag & drop" poderia ser feito:
- De tudo o que você sabe dissertar ou executar, em sua forma mais prática ou efetiva (implantar, configurar, operar, prestar suporte), ou seja, tecnologias, equipamentos, soluções, processos e afins, o que de fato você:
- Conhece por herança organizacional, seja na empresa atual ou experiências prévias, ou através de convívio e troca de experiências com grupos de indivíduos e suas opiniões?
- Procure identificar e relacionar estas habilidades e competências.
- Por exemplo, adquiriu uma habilidade e experiência através de um roteiro, processo interno da empresa ("é assim que você deve fazer", "assim funciona", ou "não faça isto!"), modus operandi do setor da empresa, etc.
- Estes seriam conhecimentos empíricos!
- Procure identificar e relacionar estas habilidades e competências.
- Conhece, por meios de algum processo de validação, e com o emprego de práticas documentadas em artefatos de indústria, BCOPs, frameworks, e com eficácias e resultados tecnicamente comprovados?
- Procure identificar e relacionar estas habilidades e competências.
- Por exemplo, adquiriu conhecimentos e experiência em um projeto e implantação de BGP integralmente apoiado por BCPs (BCP 38, 194, 185, MANRS); uma validação de circuito de dados com base no RFC 2544, etc.
- Estes seriam os seus conhecimentos científicos!
- Procure identificar e relacionar estas habilidades e competências.
- Conhece por questionamentos de princípios de aderência, aplicabilidades, julgamento de utilidade, associação de benefícios e casos de uso?
- Procure identificar e relacionar estas habilidades e competências.
- Por exemplo, adquiriu conhecimentos e experiência em conduzir uma análise qualitativa de riscos ou de uma matriz funcional de qualidade; questionamentos e dissertações de casos quanto ao uso de determinadas tecnologias e soluções, etc.
- Estes seriam os seus conhecimentos filosóficos!
- Procure identificar e relacionar estas habilidades e competências.
- Conhece por experiência e vivência próprias, ou seja, tentativa e erro, satisfação e frustração com resultados, etc.?
- Procure identificar e relacionar estas habilidades e competências.
- Por exemplo, saber identificar e antecipar riscos em determinadas manobras de configuração em função de experiência prévia ruim; saber conduzir uma operação através de uma ordem apropriada, evitando-se problemas de indisponibilidades, também por experiência prévia; saber qual versão de software usar por não conter um bug que, em um caso anterior, provocou um distúrbio na sua infraestrutura; saber que, antes de ativar um recurso no software de seu roteador, por experiência prévia/própria, outro recurso deve estar habilitado como pré-requisito, do contrário não funcionará ou provocará algum tipo de distúrbio, etc.
- Estes seriam os seus conhecimentos tácitos!
- Procure identificar e relacionar estas habilidades e competências.
- Conhece por herança organizacional, seja na empresa atual ou experiências prévias, ou através de convívio e troca de experiências com grupos de indivíduos e suas opiniões?
Viu só? Nem tudo o que é teoria é "burocrático"! Há sempre como extrair coisas positivas de muitos conceitos teóricos ou aparentemente abstratos. E vou um pouco além neste discurso sobre como isto poderá ser útil para você. Imagine que você fizesse uma auto-avaliação (aliás, sugiro mesmo que faça isto!), qual seria o resultado? E quais seriam os significados destes resultados? Quanto aos "significados", eu tecerei uma opinião estritamente pessoal, pois a interpretação de cada caso é realmente bastante individualizada. Eu posso pensar de um jeito, e você de outro completamente diferente. Certo? Caso você tenha interesse em saber como eu (autor) penso, estas seriam as minhas respostas:
Pensamento do autor: uma avaliação geral e hipotética dos seus conhecimentos indicou a maior parte como sendo "tácita"
Isto para mim significaria uma coisa: generalizando aqui, você pode até ser bem "safo", mas desde que seus conhecimentos sejam realmente bem seguros e produzam bons resultados. O que é difícil. Explico o por que. São preocupantes as possíveis (e não confirmadas, por isto estou generalizando) divergências entre o que órgãos de indústria ou fabricantes promovem como recomendações e boas práticas, e o que você de fato executa ou como executa o seu trabalho.
Com a complexidade cada vez mais crescente das soluções tecnológicas, assim como os padrões de boas práticas operacionais, é pouco provável que um indivíduo majoritariamente "tácito" seja efetivo em suas atribuições, especialmente quando pensando aqui nas tantas métricas sobre as quais deverá estar apoiado todo o funcionamento do aparato tecnológico, ou seja, Disponibilidade, Performance, Segurança, Confiabilidade, Disponibilidade, Escalabilidade, e etc.
Dificilmente um indivíduo deste perfil conseguiria orquestrar um ambiente com conhecimentos puramente tácitos. "Ah, mas ele estudou o manual do fabricante para fazer o procedimento 'x'!", mas, peraí, isto não seria um conhecimento tácito! Assim como "ele seguiu o processo da Operação da empresa para fazer a configuração", mas, peraí, isto também não seria um conhecimento tácito! Compreende a diferença?
Não consigo vislumbrar um indivíduo majoritariamente "tácito" funcional, pois, tal perfil, seria um risco tremendo para os negócios de uma empresa. Gambiarras e experimentações individualizadas, com pouco ou nenhum apoio e suporte de conhecimentos científicos ou empíricos, não são uma opção! Nesta área de redes e afins, conhecimento tácito é algo muito íntimo e específico (vide os exemplos da tabela anterior), e geralmente são muito bons/úteis como complemento de outras formas de conhecimento, como o científico e o empírico.
Pensamento do autor: uma avaliação geral e hipotética dos seus conhecimentos indicou a maior parte como sendo "empírica"
Tudo o que um indivíduo aprendeu a executar num ambiente de redes obedecendo algum padrão ou procedimento estabelecido pela empresa ou pelo mercado ("senso comum"), é considerado um conhecimento empírico. Assim como conhecimentos obtidos junto à uma comunidade de especialistas. O que é bom ou muito bom. Especialmente quando o indivíduo passa a entender os cuidados que devem ser observados durante a condução do trabalho em questão. Isto significa que na maior parte do tempo este indivíduo estará conduzindo atividades de acordo com padrões ou modelos confiáveis, realizando configurações, ajustes, manobras, adaptações e afins, tudo inspirado num esqueleto funcional, seguro, e resultados auditáveis ou perceptíveis.
É nessas horas, inclusive, voltando ao caso anterior, que os conhecimentos tácitos complementam e fazem a diferença: nem sempre os padrões ou procedimentos são bem elaborados ou seguros; nem sempre as descrições dos requisitos e respectivas tarefas asseguram que o trabalho a ser realizado estará isento de riscos ou que vá funcionar "de primeira". Como ocorre por muitas vezes, o indivíduo tende a perceber isto e a tomar cuidados extras na hora de conduzir seus trabalhos, podendo usar a sua própria experiência/vivência na hora de fazer as coisas, evitar armadilhas, maximizar resultados, etc. É nessas horas que o indivíduo "safo" usa a sua experiência (conhecimentos tácitos) como complemento aos conhecimentos obtidos de forma empírica ou científica.
Pensamento do autor: uma avaliação geral e hipotética dos seus conhecimentos indicou a maior parte como sendo "filosófica"
Um indivíduo, através de uma demanda cotidiana que implemente ações cujos conhecimentos correspondentes/associados foram obtidos de forma empírica (um procedimento, um processo, um modelo...), não importando em qual estágio de sua carreira ele obteve este conhecimento, poderá eventualmente divergir de opiniões. Poderá não concordar, pelo menos não inicialmente, ou até que seja convencido por alguém. Poderá ponderar, questionar os propósitos imputados ou critérios adotados. E, em função disto, poderá desejar modificar ou aprimorar aquela demanda ou aquele processo. Refinar o método como um todo, ou parte dele.
Obviamente que, "questionar", "ponderar", ou "criticar" apenas, recusando-se a todo custo a cumprir com o seu dever, qualquer que tenha sido a tarefa imputada a ele, eu não chamaria isto de conhecimento filosófico, e sim de "birra de criança". O conhecimento filosófico não é fazer birra ou ter atitudes antiprofissionais! O que se espera de uma iniciativa correta para estes casos é um perfil questionador de um indivíduo trazendo à tona novos desafios e propósitos para a elaboração de novas respostas, e tudo objetivando efetividade e resultados.
Isto é uma qualidade de conhecimento que tipifica bem um perfil de profissional centrado em qualidade e resultados, e vemos isto muito presente em arquitetos de soluções, alguns perfis de gestores, e até mesmo em engenheiros de redes e analistas.
Argumentos, justificativas e motivações para a busca de conhecimentos na área de TIC
Fugindo aqui momentaneamente deste discurso de tipo de conhecimentos, e retornando ao tema de motivações abordado previamente, mas, desta vez, incorporando justificativas e argumentos na fórmula, quais são as principais motivações, justificativas e argumentos para que um indivíduo vá buscar efetivamente conhecimentos relacionados aos temas da área de TIC? Tentemos exercitar isto de forma ampla e um pouco generalista, desprezando as individualidades que movem o coração de cada um de nós. Talvez eu esteja acertando em boa parte sobre tudo o que está sugerido a seguir, mas é bem provável também que você mesmo possua seus próprios argumentos, justificativas e motivações.
Argumentos | ||
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Requisitos para Funções Vigentes | Requisitos para Funções Futuras | Requisitos para Prospecções e Planos de Carreira |
Obter as qualificações e competências para a conformidade com requisitos vigentes, os quais são estabelecidos pelo empregador. | Aprendizado e domínio de novas tecnologias, equipamentos ou ferramentas, como parte de um processo de adoção tecnológica na empresa, os quais são impostos ou estabelecidos pelo empregador. | Obter as qualificações e competências exigidas para enquadramento de perfil junto à uma vaga ou oportunidade pretendida pelo mercado de trabalho. |
Aprimorar as habilidades em alinhamento com os requisitos vigentes, os quais são impostos ou estabelecidos pelo empregador. | Aprimoramento e domínio de habilidades para remodelagem em futuro próximo de componentes, processos e práticas vigentes, e a extração de melhores resultados com o uso de tecnologias atuais, em grande parte por iniciativa própria. | Obter as qualificações e competências exigidas visando a evolução ou crescimento de carreira, na mesma empresa em que atua no momento ou em outras oportunidades e prospecções. |
Justificativas | ||
O empregador produz a descrição do cargo que você ocupa ("job description"), estabelecendo os pré-requisitos para a função, dentre habilidades "hard skills" e "soft skills". | Tecnologias evoluem. Equipamentos e software ficam obsoletos. Novas ferramentas e solução são introduzidas para aprimorar funções. Ciclos de compras de soluções a cada 3-5 anos. Nesta área, esta será a sua realidade quando atuando em praticamente qualquer empresa. | O empregador produz a descrição do cargo que você pretende ocupar ("job description"), estabelecendo os pré-requisitos para a função, dentre habilidades "hard skills" e "soft skills". |
Para manter-se neste cargo você precisa reunir as devidas comprovações de que ou possui estes pré-requisitos, além de, obviamente, demonstrar resultados no exercício da função. | É esperado do indivíduo o devido compromisso em adquirir novas habilidades, desde a aprender a lidar com novo tipo de solução, ou equipamento de fabricante/modelo diferente daquele que você está habituado; dominar uma nova ferramenta; dominar um novo processo. É um processo contínuo de aprendizado. | Para ocupar o cargo pretendido você precisa reunir as devidas comprovações de que ostenta ou possui estes pré-requisitos, além de experiência comprovada, etc., e isto é normalmente verificado em uma entrevista ou durante um processo seletivo. |
Motivações | ||
Por razões óbvias, decorrentes das relações trabalhistas, você precisa se "enquadrar". Numa relação trabalhista há uma troca: você fornece resultados através do seu trabalho, e o seu empregador o recompensa por isto.
Se você não conseguir fornecer resultados, por quaisquer que sejam os motivos, mas, neste nosso exemplo aqui, por insuficiência de conhecimentos, a probabilidade é que você seja desligado do cargo. Manter-se empregado, por si só, já seria uma motivação, talvez a principal. |
Conforme já citado para este caso, tecnologias evoluem. Equipamentos ficam obsoletos e são substituídos, sejam por questões de capacidade, inovação tecnológica (novos recursos), descontinuação ou longevidade de suporte do fabricante, ou decorrente de um novo projeto na área de concessão ou expansão.
Novos projetos sempre surgirão prevendo o atendimento de objetivos estabelecidos por áreas internas do negócio. Empresas normalmente procuram capacitar os times atuais para lidar com estes novos desafios, ao invés de, toda vez que surgir um projeto com uma tecnologia nova, contratar mais e mais profissionais. Nestas situações específicas você tem uma ótima oportunidade de aprender coisas novas, capacitar-se com novos conhecimentos e habilidades, e de evoluir tecnicamente em sua profissão. A oportunidade de aprender e evoluir. Muitas vezes tendo acesso a recursos de treinamentos de custo elevado, inviáveis na ótica de investimento pessoal. A possibilidade de atuar em um projeto de visibilidade que vá enriquecer o seu currículo; a abertura de novas oportunidades. A troca de experiências com profissionais diferenciados que poderão estar envolvidos num projeto juntamente com você (ex: especialistas do fabricante, profissionais-referência da área, etc). São ótimos motivações. |
Quando somos jovens, temos um sonho. Desejamos ingressar no mercado de trabalho seguindo ou o nosso coração ou o que for mais viável ou conveniente em termos de oportunidade. O fato que a maioria quer mesmo é trabalhar.
Alguns tem a sorte de acertar em sua primeira oportunidade de emprego, pelo menos no que diz respeito à área ou segmento de trabalho pretendido. Apesar de existirem ferramentas que facilitem a entrada de novos profissionais no marcado de trabalho, tais como programas de estágio e intercâmbios, ainda assim há alguns pré-requisitos que precisam ser preenchidos. O jovem profissional pode até não ter experiência alguma na função, o que, inclusive, é o esperado na maioria dos casos. Preparar-se devidamente para um processo seletivo, especificamente através da obtenção dos conhecimentos teóricos e técnicos exigidos para a oportunidade em questão, garantiriam chances bem maiores de êxito. Preparar-se adequadamente para suprir algo "extra", além do que está sendo exigido, mas que seja compatível com a função/oportunidade pretendida, aumentariam ainda mais estas chances. A oportunidade de você começar direito. A oportunidade de você dar o pontapé inicial na sua carreira e já preenchendo as competências-base de tudo aquilo que norteará a sua evolução na área. O seu primeiro emprego. São excelentes questões motivacionais. |
Muito frequentemente conseguimos uma vaga para um emprego sem necessariamente atendermos a todos os requisitos que foram definidos para esta, mas, quando isto acontece, normalmente preenchemos os principais requisitos, restando "apenas" alguns destes a serem cumpridos.
Nestes casos, geralmente o empregador está "apostando" em você, nas suas habilidades, e na sua capacidade de desenvolver-se continuadamente, buscando preencher "in loco" aqueles requisitos que você não preencheu quando assumiu aquela função. Manter-se empregado. Não decepcionar aqueles que apostaram em você. Aprender uma nova habilidade; evoluir. Ser reconhecido pelos seu esforço e comprometimento. Seriam ótimas motivações. |
Nem todas as situações de "cenário futuro" precisam ser por imposição do empregador ou por circunstâncias de novos projetos iniciados pela empresa.
Você pode (e deve!) estar atento e sensível às áreas de desenvolvimento e aprimoramento pessoal. A educação continuada poderá abrir novas oportunidades na empresa em que você atua, ou em novos mercados. Ao aprimorar as suas habilidades e conquistar novos conhecimentos, você adquirirá naturalmente um senso crítico que tende a funcionar como uma "faísca" para o surgimento de novas formas de fornecer resultados para os negócios da companhia ou para as suas próprias atribuições. Nestas situações, você pode conquistar novas oportunidades, tais como encabeçar um novo projeto iniciado por você mesmo, liderar um time, tornar-se uma referência para a resolução de problemas críticos, pontuais ou recorrentes, destravar quase que por completo o seu pontencial. A satisfação de projetar e construir coisas, de sentir uma afinidade entre aquilo que você vislumbrou e aquilo que está acontecendo; reputação, credibilidade, saber que a empresa e seus colaboradores podem contar com você; a perspectiva de aumento salarial ou de promoção para um cargo. Todos estes são ótimas motivações. |
Talvez você esteja passando por aquela fase de não sentir-se mais motivado com a função atual.
As vezes, você até encontra-se motivado, mas não se sente desafiado o suficiente e não vê perspectivas de mudanças na dinâmica do seu trabalho na função atual. Você quer evoluir, quer dar o próximo salto na sua carreira, seguir adiante. Crescer profissionalmente, ser melhor recompensado por isto; ter uma equiparação salarial proporcional ao valor que você pretende fornecer para o seu empregador. Preencher um cargo mais ousado, ter mais responsabilidades, tomar decisões importantes. Isto raramente acontece no "modo automático"; sem planejamento. Você realmente terá que trilhar este caminho, ou seja, planejar todas as ações que viabilizarão este upgrade na carreira. Você precisará ser ousado, sistemático, organizado. Quase que por simbiose, estudar + capacitar-se + implementar as suas idéias na forma mais prática ou objetiva possível. Sem fazer isto, dificilmente você conseguirá absorver os conhecimentos que possibilitarão este impulsionamento na sua carreira. Dar efetivamente o próximo salto, evoluir objetivamente na carreira. Conquistar novos horizontes; aumento salarial; aspiração de um cargo mais valorizado e diferenciado. Tornar-se uma referência; um profissional conhecedor, credenciado e respeitado. São todas estas excelentes motivações. |