Mudanças entre as edições de "O Minimo que Voce precisa saber sobre IRR"
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− | + | === Introdução === | |
− | + | Parte do trabalho de quem administra um sistema autônomo é a configuração de sessões BGP com outro sistema autônomo para trocar informações de roteamento. O BGP tende a enviar e receber tudo por padrão, portanto, não é incomum que os usuários do BGP enviem acidentalmente muito mais rotas para um de seus peers do que pretendiam. | |
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− | + | A chave para corrigir isso é a filtragem de prefixos. Ao configurar uma sessão BGP com outra rede, você deve concordar claramente sobre quais prefixos deseja aceitar deles e quais prefixos pretende enviá-los. O problema ao tentar gerenciar esse lista de prefixos acordada manualmente é que isso significa que toda vez que você adiciona um novo bloco de endereços IP à sua rede, é necessário entrar em contato com todos os seus fornecedores para atualizar seus filtros para que eles aceitam de você. | |
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− | + | Para ajudar a automatizar essa tarefa, o Internet Routing Registry (IRR) e o Routing Policy Specification Language (RPSL) foram desenvolvidos para permitir que você descreva formalmente sua política de roteamento e publique on-line. Isso é feito por vários bancos de dados de IRR que permitem criar objetos RPSL no banco de dados, que servem para outras pessoas que respondem a consultas whois que geram filtros para o BGP. Através disto, outros sistemas autônomos, como seus fornecedores, podem atualizar seus filtros de forma automática, diminuindo as chances de falhas humanas e reduzindo o tempo de liberação de novos prefixos. | |
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O IRR foi criado em 1995 na época em que os provedores de acesso à Internet do mundo estavam se preparando para o final da atividade do backbone da NSFNET e, comemorando o primeiro aniversário da Internet comercial. Por volta de 1999, haviam os seguintes repositórios: CA*Net, no Canadá, o ANS, CW e RADB nos EEUU e o RIPE na Europa. Os três primeiros eram privativos e os dois últimos, públicos. | O IRR foi criado em 1995 na época em que os provedores de acesso à Internet do mundo estavam se preparando para o final da atividade do backbone da NSFNET e, comemorando o primeiro aniversário da Internet comercial. Por volta de 1999, haviam os seguintes repositórios: CA*Net, no Canadá, o ANS, CW e RADB nos EEUU e o RIPE na Europa. Os três primeiros eram privativos e os dois últimos, públicos. | ||
Visite: <nowiki>http://www.irr.net/</nowiki> | Visite: <nowiki>http://www.irr.net/</nowiki> | ||
− | + | === Por que o IRR é Importante? === | |
* Imagine uma internet mais segura e onde erros humanos são praticamente impossíveis de ocorrer; | * Imagine uma internet mais segura e onde erros humanos são praticamente impossíveis de ocorrer; | ||
* Permite definir sua polícia de roteamento em um formato padrão entendido no mundo todo; | * Permite definir sua polícia de roteamento em um formato padrão entendido no mundo todo; | ||
* Prefix-lists geradas automaticamente, sem necessidade de interação humana; | * Prefix-lists geradas automaticamente, sem necessidade de interação humana; | ||
* Vários operadores nacionais já suportam liberação de prefixos através de IRR; | * Vários operadores nacionais já suportam liberação de prefixos através de IRR; | ||
− | * Alguns operadores fazem liberação de prefixos APENAS por IRR, alguns IX | + | * Alguns operadores fazem liberação de prefixos APENAS por IRR, alguns IX usam apenas bases IRR para liberar prefixos em seus route-servers; |
* Liberação de prefixos absurdamente mais rápidas. | * Liberação de prefixos absurdamente mais rápidas. | ||
* Alguns provedores de conteúdo vão parar de aceitar prefixos que não estiverem em uma base IRR. | * Alguns provedores de conteúdo vão parar de aceitar prefixos que não estiverem em uma base IRR. | ||
− | [[Arquivo:Ggc-new.png | + | * |
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− | + | === Bases IRR === | |
Estima-se que existem mais de 40 bases IRR descentralizadas, vou demonstrar abaixo apenas as mais conhecidas. Para uma lista mais completa, acesse: <nowiki>http://www.irr.net/docs/list.html</nowiki> | Estima-se que existem mais de 40 bases IRR descentralizadas, vou demonstrar abaixo apenas as mais conhecidas. Para uma lista mais completa, acesse: <nowiki>http://www.irr.net/docs/list.html</nowiki> | ||
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<nowiki>*</nowiki>No dia 09/10 no Lacnic32 foi apresentado a comunidade o IRR do Lacnic, teremos uma versão beta em Dezembro de 2019 e um versão estável em Março de 2020. | <nowiki>*</nowiki>No dia 09/10 no Lacnic32 foi apresentado a comunidade o IRR do Lacnic, teremos uma versão beta em Dezembro de 2019 e um versão estável em Março de 2020. | ||
− | + | === Alguns Fatos sobre os IRR === | |
− | * LEVEL3 é apenas para clientes Level3 | + | * LEVEL3 é apenas para clientes Level3. |
+ | * NTT pode ser usada por clientes e cliente de clientes. | ||
* Dos RIR’s, apenas o LACNIC não tinha uma base IRR. | * Dos RIR’s, apenas o LACNIC não tinha uma base IRR. | ||
* TC (bgp.net.br) é um projeto nacional, também é o mais fácil de se usar. | * TC (bgp.net.br) é um projeto nacional, também é o mais fácil de se usar. | ||
* BBOI, ALTDB e TC são grátis. | * BBOI, ALTDB e TC são grátis. | ||
* Algumas bases são espelhadas em outras, por exemplo, BBOI e TC são espelhadas com RADb. | * Algumas bases são espelhadas em outras, por exemplo, BBOI e TC são espelhadas com RADb. | ||
− | * | + | * RADb espelha praticamente todas as bases IRR, por isso é o mais completo |
* RADb é a mais importante, mais conhecido e mais usado. | * RADb é a mais importante, mais conhecido e mais usado. | ||
* Apesar de serem espelhadas, essas bases não são integradas, cada uma manter o seu SOURCE | * Apesar de serem espelhadas, essas bases não são integradas, cada uma manter o seu SOURCE | ||
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* RFC’s: 2622, 2650, 2679 e 7682. | * RFC’s: 2622, 2650, 2679 e 7682. | ||
− | + | === RPSL === | |
A RPSL foi criada em 1999 para substituir a até então atual linguagem de politicas da internet, também conhecida como RIPE-181 ou RFC1786. | A RPSL foi criada em 1999 para substituir a até então atual linguagem de politicas da internet, também conhecida como RIPE-181 ou RFC1786. | ||
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Tendo uma alusão ao modelo de computação atual, podemos dizer que o IRR é o base de dados e a RPSL é linguagem de programação do banco de dados usado pelo IRR. | Tendo uma alusão ao modelo de computação atual, podemos dizer que o IRR é o base de dados e a RPSL é linguagem de programação do banco de dados usado pelo IRR. | ||
− | + | === IRR vs RPKI === | |
− | * RPKI é uma forma de validar os prefixos na origem através de | + | * RPKI é uma forma de validar os prefixos na origem através de chaves públicas e privadas. |
* Combina modelo hierárquico de distribuição dos recursos com o uso de certificados. | * Combina modelo hierárquico de distribuição dos recursos com o uso de certificados. | ||
* RFC’s 6480 á 6492. | * RFC’s 6480 á 6492. | ||
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IRR está pronto e você deve usa-lo agora! | IRR está pronto e você deve usa-lo agora! | ||
− | + | === Principais Objetos IRR === | |
* '''Maintainer / Person''' | * '''Maintainer / Person''' | ||
− | O objeto maintener é aquele que contem as informações (através de seus respectivos atributos), que qualificam e autenticam um AS. O objeto person serve para qualificar o administrador ou administradores do objeto maintener. Pode haver mais de um objeto person para um mesmo maintener e vários objetos maintener podem possuir um mesmo objeto person. Esses são os únicos objetos que dependem de interação humana do lado do IRR para sua criação, todos os outros são manipulados através de um sistema de e-mails usando a RPSL | + | O objeto maintener é aquele que contem as informações (através de seus respectivos atributos), que qualificam e autenticam um AS. O objeto person serve para qualificar o administrador ou administradores do objeto maintener. Pode haver mais de um objeto person para um mesmo maintener e vários objetos maintener podem possuir um mesmo objeto person. Esses são os únicos objetos que dependem de interação humana do lado do IRR para sua criação, todos os outros são manipulados através de um sistema de e-mails usando a RPSL, exceto se você usar RADb. |
[[Arquivo:Mtner.png|centro|1149x1149px]] | [[Arquivo:Mtner.png|centro|1149x1149px]] | ||
* '''Route / Route6''' | * '''Route / Route6''' | ||
− | O objeto route especifica uma rota que pode ser anunciada pelo AS e somente por ele. O objeto descreve um endereço IPv4, sua máscara de rede e associa o AS a partir do qual a rota pode se originar (atributo ''origin''). Já o objeto route6 faz a mesma coisa para o IPv6. | + | O objeto route especifica uma rota que pode ser anunciada pelo AS e somente por ele. O objeto descreve um endereço IPv4, sua máscara de rede e associa o AS a partir do qual a rota pode se originar (atributo ''origin''). Já o objeto route6 faz a mesma coisa para o IPv6. |
[[Arquivo:Route.png|centro|1142x1142px]] | [[Arquivo:Route.png|centro|1142x1142px]] | ||
* '''As-set''' | * '''As-set''' | ||
− | Define o cone de ASN’s, ou seja, | + | Define o cone de ASN’s, ou seja, o conjunto de ASN’s que seu ISP vende trânsito. Esse atributo é o mais importante para a liberação automática de prefixos, pois é com base nele que são geradas as prefix-list de forma automática. Por isso é importante que o '''as-set name''' seja globalmente único, portanto antes de criar um '''as-set''' certifique-se que o nome não tenha sido utilizado por nenhum outro ASN |
+ | |||
+ | O '''as-set''' deve conter em '''members''' todos os ASN’s que participam do seu export para um upstream, para facilitar a gerencia e manter a organização você pode colocar em '''members''' outro '''as-set''', como mostra o exemplo abaixo onde o '''AS262761:AS-CUSTUMERS''' é um novo '''as-set''' que contém outros '''members'''. | ||
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[[Arquivo:Aut-num.png|centro|1411x1411px]] | [[Arquivo:Aut-num.png|centro|1411x1411px]] | ||
+ | * '''Objetos via Proxy''' | ||
+ | Se você não criou seus objetos route/route6, alguém pode ter criado para você. Isso acontece por que alguns upstreans liberam prefixos apenas por IRR, então acaba sendo mais fácil e rápido o upstream criar os objetos route/route6 via proxy do que ele solicitar a todo cone de ASN's a criação dos objetos. Não é um pecado fazer isso, desde que feito da maneira correta. | ||
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+ | [[Arquivo:Proxy.png|centro|1159x1159px]] | ||
+ | |||
+ | === Tutorial: Inserindo seus dados numa base IRR === | ||
+ | Usaremos a Base IRR BBOI nos exemplos | ||
+ | * Todo o processo é feito através de e-mail. Use o formato texto sem formatação (plain-text). | ||
+ | * Processo de criação do maintainer é manual. | ||
+ | * Para criar o maintainer deve-se enviar um e-mail para [mailto:ipadmin@bboi.net ipadmin@bboi.net] | ||
+ | * Depois do maintainer criado, todo o restante é feito por e-mail através do sistema automatizado usando RPSL. | ||
+ | * As alterações feitas pelo sistema automatizado usa-se o e-mail [mailto:auto-dbm@iir.bboi.net auto-dbm@iir.bboi.net] | ||
+ | * ALTDB funciona da mesma forma, alterando apenas o e-mail para criação do maintainer e o e-mail do sistema automatizado. Respectivamente [mailto:db-admin@altdb.net db-admin@altdb.net] e [mailto:auto-dbm@altdb.net auto-dbm@altdb.net] | ||
+ | * Após o envio de cada e-mail você receberá uma notificação de que sua solicitação foi incluída com sucesso ou se ouve erros. | ||
+ | * No RADb todo o processo pode ser feito pela web, abstraindo a RPSL. Caso opte em usa-lo você pode seguir o tutorial clicando [https://wiki.brasilpeeringforum.org/w/MANRS#IRR_Internet_Routing_Registry nesse link] | ||
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+ | Primeiramente, deve-se criar o maintainer e o person, assim como no e-mail abaixo. Na esquerda temos o modelo de e-mail e na direita as explicações. | ||
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+ | [[Arquivo:Exemplo-mntner.png|centro|868x868px]] | ||
+ | Depois do maintainer criado, vamos criar os objetos route e route6. Percebam que a partir de agora usaremos a senha para manutenção em clear-text e não mais em md5. | ||
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+ | [[Arquivo:Route-ex.png|centro|1043x1043px]] | ||
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+ | Vamos agora criar o AS-SET, veja abaixo na esquerda o exemplo de e-mail e na direita uma breve explicação. | ||
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+ | [[Arquivo:As-set-ex.png|centro|901x901px]] | ||
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+ | Por ultimo, podemos criar o nosso AUT-NUM. Veja abaixo na esquerda o exemplo de e-mail e na direita uma breve explicação. | ||
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+ | Caso queria deletar um objeto, faça da mesma forma que fez para adiciona-lo porem com um delete assim como mostra o exemplo: | ||
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+ | === Espelhamento entre as bases IRR === | ||
+ | È importante entender que uma base pode espelhar a outra, mas o inverso pode não acontecer. Exemplo claro disso é que as bases dos RIRs não espelham nada de nenhum outro IRR, mas o RADb espelha todas as bases IRR dos RIR’s. | ||
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+ | Cada IRR gera uma base (texto) populada por seus respectivos objetos. Geralmente leva o nome da base, como por exemplo, radb.db, level3.db, altdb.db, etc. Esse IRR então disponibiliza a URL onde esse arquivos estará disponível. | ||
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+ | O whois e/ou ferramentas quando dirigidos a uma base específica, podem não encontrar um objeto pelo fato da base na qual ele foi inserido não existir naquele servidor. Se ela não existe é porque o servidor não espelha aquele IRR e nem armazena a base do IRR (via ftp, p. ex.). | ||
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+ | === IRRd === | ||
+ | IRRd é o daemon usado para se criar um servidor IRR, ele s uporta os padrões RPSL e RPSLng. O pacote IRRd inclui todos os serviços de suporte necessários, incluindo: espelhamento automatizado quase em tempo real de outros bancos de dados de IRR, verificação de sintaxe de atualização, autenticação / segurança e notificação. | ||
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+ | <nowiki>http://www.irrd.net/</nowiki> | ||
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+ | === Como fazer consultas em uma base IRR === | ||
+ | Usamos o comando whois no Linux para fazer consultas. Os exemplos a seguir são feitos usando o IRR da NTT, mas pode ser usado em qualquer um. | ||
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+ | Para consulta do objeto route | ||
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+ | whois -h rr.ntt.net 200.160.0.0/20 | ||
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+ | Para consulta através do objeto maintainer | ||
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+ | whois -h rr.ntt.net -i mnt-by MAINT-AS22548 | ||
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+ | Para consulta através do objeto maintainer, usando RADB como source | ||
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+ | whois -h rr.ntt.net -s RADB -i mnt-by MAINT-AS22548 | ||
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+ | Lista completa dos endereços de whois: <nowiki>http://www.irr.net/docs/list.html</nowiki> | ||
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+ | Lista completa das possibilidades do whois: man whois | ||
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+ | === Fontes === | ||
+ | Curso IRR – Julião Braga | ||
+ | |||
+ | https://ii.blog.br/2010/03/18/curso-irr-parte-i-introducao/ | ||
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+ | The Internet Route Registry and you: a tier 1 network perspective – Brian Foust | ||
+ | |||
+ | https://youtu.be/-_CzlJ_Tx_o | ||
+ | |||
+ | IRR & SCW IRR - Hebert Faleiros | ||
+ | |||
+ | ftp://ftp.registro.br/pub/gter/gter31/03-IRR-SCW.pdf | ||
+ | |||
+ | IRR – Merit | ||
+ | |||
+ | http://www.irr.net/ | ||
+ | |||
+ | IRR – BBOI | ||
+ | |||
+ | http://irr.bboi.net/ | ||
+ | |||
+ | '''Autor:''' [https://www.linkedin.com/in/jrcorazza/ Junior Corazza] | ||
+ | [[Categoria:Roteamento]] |
Edição atual tal como às 10h09min de 21 de julho de 2022
Introdução
Parte do trabalho de quem administra um sistema autônomo é a configuração de sessões BGP com outro sistema autônomo para trocar informações de roteamento. O BGP tende a enviar e receber tudo por padrão, portanto, não é incomum que os usuários do BGP enviem acidentalmente muito mais rotas para um de seus peers do que pretendiam.
A chave para corrigir isso é a filtragem de prefixos. Ao configurar uma sessão BGP com outra rede, você deve concordar claramente sobre quais prefixos deseja aceitar deles e quais prefixos pretende enviá-los. O problema ao tentar gerenciar esse lista de prefixos acordada manualmente é que isso significa que toda vez que você adiciona um novo bloco de endereços IP à sua rede, é necessário entrar em contato com todos os seus fornecedores para atualizar seus filtros para que eles aceitam de você.
Para ajudar a automatizar essa tarefa, o Internet Routing Registry (IRR) e o Routing Policy Specification Language (RPSL) foram desenvolvidos para permitir que você descreva formalmente sua política de roteamento e publique on-line. Isso é feito por vários bancos de dados de IRR que permitem criar objetos RPSL no banco de dados, que servem para outras pessoas que respondem a consultas whois que geram filtros para o BGP. Através disto, outros sistemas autônomos, como seus fornecedores, podem atualizar seus filtros de forma automática, diminuindo as chances de falhas humanas e reduzindo o tempo de liberação de novos prefixos.
O IRR foi criado em 1995 na época em que os provedores de acesso à Internet do mundo estavam se preparando para o final da atividade do backbone da NSFNET e, comemorando o primeiro aniversário da Internet comercial. Por volta de 1999, haviam os seguintes repositórios: CA*Net, no Canadá, o ANS, CW e RADB nos EEUU e o RIPE na Europa. Os três primeiros eram privativos e os dois últimos, públicos.
Visite: http://www.irr.net/
Por que o IRR é Importante?
- Imagine uma internet mais segura e onde erros humanos são praticamente impossíveis de ocorrer;
- Permite definir sua polícia de roteamento em um formato padrão entendido no mundo todo;
- Prefix-lists geradas automaticamente, sem necessidade de interação humana;
- Vários operadores nacionais já suportam liberação de prefixos através de IRR;
- Alguns operadores fazem liberação de prefixos APENAS por IRR, alguns IX usam apenas bases IRR para liberar prefixos em seus route-servers;
- Liberação de prefixos absurdamente mais rápidas.
- Alguns provedores de conteúdo vão parar de aceitar prefixos que não estiverem em uma base IRR.
Bases IRR
Estima-se que existem mais de 40 bases IRR descentralizadas, vou demonstrar abaixo apenas as mais conhecidas. Para uma lista mais completa, acesse: http://www.irr.net/docs/list.html
RIRs | SP's | Terceiros |
AFRINIC | LEVEL3 | RADb |
APNIC | NTT | TC |
ARIN | BBOI | ALTDB |
RIPE | ||
LACNIC* |
*No dia 09/10 no Lacnic32 foi apresentado a comunidade o IRR do Lacnic, teremos uma versão beta em Dezembro de 2019 e um versão estável em Março de 2020.
Alguns Fatos sobre os IRR
- LEVEL3 é apenas para clientes Level3.
- NTT pode ser usada por clientes e cliente de clientes.
- Dos RIR’s, apenas o LACNIC não tinha uma base IRR.
- TC (bgp.net.br) é um projeto nacional, também é o mais fácil de se usar.
- BBOI, ALTDB e TC são grátis.
- Algumas bases são espelhadas em outras, por exemplo, BBOI e TC são espelhadas com RADb.
- RADb espelha praticamente todas as bases IRR, por isso é o mais completo
- RADb é a mais importante, mais conhecido e mais usado.
- Apesar de serem espelhadas, essas bases não são integradas, cada uma manter o seu SOURCE
- RADb é pago.
- IRR disponibilizados pelos RIR são apenas para membros da região e não espelham com nenhum outro IRR
- Qualquer pessoa no mundo pode fazer uma consulta através do whois.
- RFC’s: 2622, 2650, 2679 e 7682.
RPSL
A RPSL foi criada em 1999 para substituir a até então atual linguagem de politicas da internet, também conhecida como RIPE-181 ou RFC1786.
Ela foi projetada para que os administradores de ASN's possam ter uma visão da politicas de roteamento de outros ASN's, tudo isso usando um banco de dados distribuído e mantido cooperativamente para melhorar a integridade do roteamento global.
• RPSL é a abreviação de Routing Policy Specification Language
• IRR usa os objetos no formato especificado pela RPSL
• Linguagem única e global
• RFC 2622 define o novo modelo de RPSL (o que usamos atualmente)
Tendo uma alusão ao modelo de computação atual, podemos dizer que o IRR é o base de dados e a RPSL é linguagem de programação do banco de dados usado pelo IRR.
IRR vs RPKI
- RPKI é uma forma de validar os prefixos na origem através de chaves públicas e privadas.
- Combina modelo hierárquico de distribuição dos recursos com o uso de certificados.
- RFC’s 6480 á 6492.
- Basicamente resolve o problema de hijack de prefixos.
- Demanda um enorme trabalho dos RIRs.
- Não é suportado por roteadores mais antigos, mesmo atualmente alguns fabricantes ainda não suportam.
O Ideal seria usarmos o RPKI sobre o IRR.
RPKI é para o futuro.
IRR está pronto e você deve usa-lo agora!
Principais Objetos IRR
- Maintainer / Person
O objeto maintener é aquele que contem as informações (através de seus respectivos atributos), que qualificam e autenticam um AS. O objeto person serve para qualificar o administrador ou administradores do objeto maintener. Pode haver mais de um objeto person para um mesmo maintener e vários objetos maintener podem possuir um mesmo objeto person. Esses são os únicos objetos que dependem de interação humana do lado do IRR para sua criação, todos os outros são manipulados através de um sistema de e-mails usando a RPSL, exceto se você usar RADb.
- Route / Route6
O objeto route especifica uma rota que pode ser anunciada pelo AS e somente por ele. O objeto descreve um endereço IPv4, sua máscara de rede e associa o AS a partir do qual a rota pode se originar (atributo origin). Já o objeto route6 faz a mesma coisa para o IPv6.
- As-set
Define o cone de ASN’s, ou seja, o conjunto de ASN’s que seu ISP vende trânsito. Esse atributo é o mais importante para a liberação automática de prefixos, pois é com base nele que são geradas as prefix-list de forma automática. Por isso é importante que o as-set name seja globalmente único, portanto antes de criar um as-set certifique-se que o nome não tenha sido utilizado por nenhum outro ASN
O as-set deve conter em members todos os ASN’s que participam do seu export para um upstream, para facilitar a gerencia e manter a organização você pode colocar em members outro as-set, como mostra o exemplo abaixo onde o AS262761:AS-CUSTUMERS é um novo as-set que contém outros members.
- Aut-num
O objeto aut-num descreve as informações sobre um AS e suas políticas de roteamento, tanto sob o ponto de vista dos anúncios, como da aceitação de redes. Ele se aplica tanto ao IPv4 como ao IPv6.
- Objetos via Proxy
Se você não criou seus objetos route/route6, alguém pode ter criado para você. Isso acontece por que alguns upstreans liberam prefixos apenas por IRR, então acaba sendo mais fácil e rápido o upstream criar os objetos route/route6 via proxy do que ele solicitar a todo cone de ASN's a criação dos objetos. Não é um pecado fazer isso, desde que feito da maneira correta.
Tutorial: Inserindo seus dados numa base IRR
Usaremos a Base IRR BBOI nos exemplos
- Todo o processo é feito através de e-mail. Use o formato texto sem formatação (plain-text).
- Processo de criação do maintainer é manual.
- Para criar o maintainer deve-se enviar um e-mail para ipadmin@bboi.net
- Depois do maintainer criado, todo o restante é feito por e-mail através do sistema automatizado usando RPSL.
- As alterações feitas pelo sistema automatizado usa-se o e-mail auto-dbm@iir.bboi.net
- ALTDB funciona da mesma forma, alterando apenas o e-mail para criação do maintainer e o e-mail do sistema automatizado. Respectivamente db-admin@altdb.net e auto-dbm@altdb.net
- Após o envio de cada e-mail você receberá uma notificação de que sua solicitação foi incluída com sucesso ou se ouve erros.
- No RADb todo o processo pode ser feito pela web, abstraindo a RPSL. Caso opte em usa-lo você pode seguir o tutorial clicando nesse link
Primeiramente, deve-se criar o maintainer e o person, assim como no e-mail abaixo. Na esquerda temos o modelo de e-mail e na direita as explicações.
Depois do maintainer criado, vamos criar os objetos route e route6. Percebam que a partir de agora usaremos a senha para manutenção em clear-text e não mais em md5.
Vamos agora criar o AS-SET, veja abaixo na esquerda o exemplo de e-mail e na direita uma breve explicação.
Por ultimo, podemos criar o nosso AUT-NUM. Veja abaixo na esquerda o exemplo de e-mail e na direita uma breve explicação.
Caso queria deletar um objeto, faça da mesma forma que fez para adiciona-lo porem com um delete assim como mostra o exemplo:
Espelhamento entre as bases IRR
È importante entender que uma base pode espelhar a outra, mas o inverso pode não acontecer. Exemplo claro disso é que as bases dos RIRs não espelham nada de nenhum outro IRR, mas o RADb espelha todas as bases IRR dos RIR’s.
Cada IRR gera uma base (texto) populada por seus respectivos objetos. Geralmente leva o nome da base, como por exemplo, radb.db, level3.db, altdb.db, etc. Esse IRR então disponibiliza a URL onde esse arquivos estará disponível.
O whois e/ou ferramentas quando dirigidos a uma base específica, podem não encontrar um objeto pelo fato da base na qual ele foi inserido não existir naquele servidor. Se ela não existe é porque o servidor não espelha aquele IRR e nem armazena a base do IRR (via ftp, p. ex.).
IRRd
IRRd é o daemon usado para se criar um servidor IRR, ele s uporta os padrões RPSL e RPSLng. O pacote IRRd inclui todos os serviços de suporte necessários, incluindo: espelhamento automatizado quase em tempo real de outros bancos de dados de IRR, verificação de sintaxe de atualização, autenticação / segurança e notificação.
http://www.irrd.net/
https://github.com/irrdnet/irrd-legacy
Como fazer consultas em uma base IRR
Usamos o comando whois no Linux para fazer consultas. Os exemplos a seguir são feitos usando o IRR da NTT, mas pode ser usado em qualquer um.
Para consulta do objeto route
whois -h rr.ntt.net 200.160.0.0/20
Para consulta através do objeto maintainer
whois -h rr.ntt.net -i mnt-by MAINT-AS22548
Para consulta através do objeto maintainer, usando RADB como source
whois -h rr.ntt.net -s RADB -i mnt-by MAINT-AS22548
Lista completa dos endereços de whois: http://www.irr.net/docs/list.html
Lista completa das possibilidades do whois: man whois
Fontes
Curso IRR – Julião Braga
https://ii.blog.br/2010/03/18/curso-irr-parte-i-introducao/
The Internet Route Registry and you: a tier 1 network perspective – Brian Foust
IRR & SCW IRR - Hebert Faleiros
ftp://ftp.registro.br/pub/gter/gter31/03-IRR-SCW.pdf
IRR – Merit
IRR – BBOI
Autor: Junior Corazza