Como decolar na carreira da tecnologia da informacao e comunicacao

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Como Decolar na Carreira da Tecnologia da Informação e Comunicação

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Autor: Leonardo Furtado

Introdução

Confesso que tive certa dificuldade em produzir este artigo, pois, sabe como é, as vezes a minha cabeça dá aquela viajada e vai a mil! Sabe aquela diferença entre control plane e data plane? RIB e FIB? Nem sempre é fácil colocar de forma prática, concreta e útil mesmo, aquilo que estou maquinando lá nos confins de minha mente...

Mas o que me motivou a seguir adiante e a tentar implementar as minhas idéias aqui, no "data plane", ou seja, na forma de um artigo, foi a constatação após anos e anos dialogando com diversos profissionais na área, dentre alunos, colegas de trabalho e clientes, especificamente quando discutindo (ou observando apenas) a questão de resultados na carreira profissional destes e de outros indivíduos. Faça as seguintes perguntas a si mesmo:

  • Com quantas pessoas você já conversou sobre insatisfação com o trabalho, especialmente aquelas questões relacionadas aos resultados em suas carreiras?
  • Com quantas pessoas você já dialogou que não sabem exatamente por onde começar na área, no que diz respeito a estudos, certificações, e afins?
  • Com quantas pessoas você já dialogou sobre estagnação na questão de conhecimentos? Pessoas que já atuam na área por alguns anos, mas que estão literalmente estagnadas?
  • Quantos indivíduos da área você conhece (talvez você seja um destes!) que possuem em seus computadores, ou até mesmo em HDDs externos, uma fartura monstruosa de materiais de todos os tipos, dentre ebooks, cursos, PDFs, PPTs, etc., mas que, ao mesmo tempo, não conseguem extrair praticamente qualquer coisa útil, ou que usufruem muito pouco disto tudo?
  • Quantos indivíduos "cursomaníacos", os chamados "studentholics", você conhece? Aqueles caras que fazem cursos bem frequentemente de praticamente tudo mas que, ao mesmo tempo, isto aparentemente faz pouca diferença para suas carreiras?

Convenhamos, a quantidade de materiais - fartura mesmo - disponíveis na Internet é praticamente infinita, desde artigos, blogues, vídeos, tutoriais, cursos EAD, sem contar com aquilo que você pode fazer fora da Internet, tais como cursos, seminários e workshops presenciais, dentre tantas coisas. Tudo isso é muito farto e amplamente disponível. E muita gente é exposta a uma rotina assim, com excesso de informação e acesso a todo tipo de material, mas, estranhamente, são pessoas que não conseguem atingir os seus objetivos de carreira. Possuem dificuldades para evoluir técnica e profissionalmente, ou não se sentem realizadas com seus trabalhos vigentes, ou ambos. Onde está o problema?

Ao longo dos meus quase 25 anos de carreira, consegui identificar os seguintes quatro perfis de indivíduos que não têm tido êxito nas questões associadas ao crescimento de suas carreiras profissionais. Veja se você consegue se identificar em algum destes perfis:

  1. O indivíduo que tem recursos adequados (materiais, acesso a cursos, mentoria, etc.), mas que não tem organização pessoal para usufruir disto (foco, disciplina, compromisso, responsabilidade, etc.).
  2. O indivíduo que não tem os recursos suficientes (materiais, acesso a cursos, mentoria, etc.), mas possui alguma ou boa organização pessoal (foco, disciplina, compromisso, responsabilidade, etc.).
  3. O indivíduo que tem nem um, nem outro. Ou seja, sem recursos e sem organização pessoal adequados.
  4. O indivíduo que possui ambos recursos e organização pessoal, mas que, mesmo assim, está virtualmente estagnado ou sem ainda obter êxito desejado no crescimento de carreira.

Agora, faço a seguinte pergunta. Aliás, recomendo que você faça também a si mesmo: o que estes quatro perfis possuem em comum?

As minhas respostas seriam:

  1. Obtenção de conhecimentos e habilidades. Sim, este 4 perfis possuem em comum o interesse pela obtenção de conhecimentos como um dos pilares de objetivos de carreira, juntamente com as devidas habilidades correspondentes aos conhecimentos específicos da área, assim como possíveis outros conhecimentos (periféricos), visando, especificamente, neste caso, o crescimento ou evolução em suas profissões.
  2. Atitudes e motivações pessoais. Para alguns, uma questão puramente financeira, ou seja, evoluir para conquistar trabalhos de melhor remuneração. Para outros, a pura satisfação de estar lidando com algo que lhes dê prazer ou que os habilitem a encarar e superar desafios. Para muitos, as duas coisas!

Mais uma pergunta aqui: é possível identificar os elementos impeditivos em comum para estes 4 perfis, ou seja, por que, com tantos recursos, materiais, cursos, "excesso de informação", muitos profissionais da área não conseguem adquirir conhecimentos, habilidades, desenvolver competências, e, consequentemente, evoluir?

As respostas podem variar de acordo com cada indivíduo, mas a minha resposta mais precisa para esta pergunta seria o método. O problema, na minha opinião, está no método. O método pode estar ausente, incompleto, desfocado, desviado ou disforme. Método possui como significado "ramo da lógica que se ocupa dos métodos das diferentes ciências" e, por extensão, "corpo de regras e diligências estabelecidas para realizar uma pesquisa; método.". Eu entendo que, antes de você querer sair estudando tudo o que vir pela frente, ler indeliberadamente todo o tipo de material, realizar todos os cursos e exames que certificação que aparecerem na sua frente, etc., enfim, que antes de tudo isso, você estabeleça um método. Será exatamente este método que norteará todo o seu roteiro de ascensão profissional, apontará para a direção para qual você deverá navegar, ditará algumas diretivas essenciais para o êxito desta sua empreitada pela busca do conhecimento, e responderá a tantas das perguntas e preocupações que você vive no momento:

  • Identificação dos conteúdos relevantes para o meu propósito de carreira, os quais são ditados por objetivos, motivações pessoais, diretivas do trabalho vigente, etc. ("O que eu devo estudar?")
    • A validação de aderência dos temas e tópicos. ("O que é relevante para reconhecimento profissional e funcionamento ou efetividade em curto prazo? E, no longo prazo, o que devo observar para dar o próximo salto na carreira?")
    • A identificação de pré-requisitos e estruturação de interações. ("Qual deverá ser a ordem de prioridades e sequências dos meus estudos?")
  • Elaboração de um plano de estudos. ("Como devo conduzir a minha busca por conhecimentos?". "Como desenvolver as minhas habilidades?")
    • Metodologias didáticas de ensino e aprendizado.
    • Recursos didáticos.
    • Ferramentas.
    • Validação, aderência e aptidão.
  • Reorganização pessoal para acomodar meu plano de estudos.
    • Disciplina.
    • Foco.
    • Compromisso.
    • Responsabilidade.
    • Educação continuada.
  • Etc.

Por isto que entendo que o método vem antes de tudo. Antes mesmo de questões óbvias, como a disciplina, foco, compromisso e tudo mais, tudo deve começar com o a definição e instauração propriamente dita de um método, pois este deverá compor o alicerce que acomodará todo o resto. E é basicamente por este modelo ou arranjo de idéias que resolvi organizar este artigo. Entenda que este artigo tem uma pegada um tanto "pessoal", e estou sendo honesto com o leitor: não sou formado em pedagogia, não sou educador, tampouco professor. Sou apenas um (acredito) qualificado "arquiteto de soluções de TI" com muitos anos de bagagem nas funções de engenharia de redes e sistemas, projetos executados em tantas empresas que já perdi as contas, além de umas 7 mil "horas de vôo" atuando também como instrutor. Embora estas credenciais não me qualifiquem como pedagogo ou educador, acho que reúno bagagem o suficiente para, legitimamente. contribuir para que estudantes e profissionais da área consigam identificar as suas fraquezas e limitações, almejando êxito para as suas carreiras.

Espero que você curta a leitura deste artigo tanto quanto eu curti para produzi-lo. Vamos lá?

Significado da palavra "conhecimento"

Caso você esteja se perguntando "como decolar na carreira da tecnologia da informação e comunicação?", a minha resposta mais objetiva para esta pergunta seria: conhecimento. Há aqueles que adorariam complicar as coisas e sugerir a incorporação de outros elementos e complexidades, tais como condição social, falta de oportunidades, fator "Q.I." ("Quem Indica", o famoso contatinho com o "Comandante Faber Castell" lá da empresa), profissional naturalmente desmotivado por ter percebido, após um tempo, que aquela profissão não era para ele, dentre outros fatores e complicações. O fato é, independentemente disso tudo, você jamais decolará na carreira sem o conhecimento. Seja você rico ou pobre, preto ou branco, nordestino ou sulista, hétero ou homo, evangélico ou ateísta, tudo isso é mínimo se comparado ao que realmente importa para você conseguir deslanchar nesta área, aliás, em qualquer profissão: conhecimento. Você pode até ter ótimos conhecimentos e estar com falta de sorte no momento, mas um indivíduo sem conhecimento é um indivíduo pouco útil para esta ou qualquer carreira ou profissão.Você pode até conseguir um emprego na área com conhecimentos fracos ou medianos, mas, decolar, jamais!

No entanto, o termo "conhecimento" é um tanto subjetivo e precisaríamos explorar isto com maior propriedade para que conseguíssemos traçar um caminho que de fato pudesse levá-lo ao tão desejado êxito na carreira da tecnologia da informação e comunicação (ou "TIC"). E é exatamente esta e outras respostas que planejo abordar neste artigo, além de tentar sugerir um plano ou roteiro que possa ser seguido por você, leitor, seja você um iniciante na área ou um profissional já rodado, com alguma experiência.

Para provar que o termo conhecimento é tão subjetivo para os nossos propósitos, mas, ao mesmo tempo, tão óbvio, vejamos o seu significado gramatical:

Substantivo masculino

1. ato ou efeito de conhecer.

2. ato de perceber ou compreender por meio da razão e/ou da experiência.

Significado de conhecimento, conforme o dicionário Aurélio:

Substantivo masculino. Entendimento sobre algo; saber: conhecimento de leis. Ação de entender por meio da inteligência, da razão ou da experiência. [Por Extensão] Ação de dominar uma ciência, uma arte, um método, um procedimento etc.: ele tinha grande conhecimento de história.

Tipos de conhecimentos, e como estes estão relacionados com a nossa carreira na área de TIC

Para que tudo possa fazer sentido neste artigo precisamos envolver melhor o uso deste termo, deste substantivo denominado "conhecimento", pois, afinal de contas, temos que identificar quais coisas, situações, contextos e propósitos deverão estar compreendidos nesta definição. E como isto pode ser vislumbrado nos diversos tipos de conhecimentos de acordo com alguns dos modelos empregados pelos indivíduos mais "letrados" nesta seara da pedagogia.

Os padrões ou tipos de conhecimentos que você precisa perseguir para atuar na área de TIC, ou para especializar-se em uma determinada tecnologia, variam de acordo com o perfil que você preenche atualmente ou que pretende preencher em futuro próximo, como uma nova vaga, upgrade de nível na área, dentre outras situações. Para começarmos, tentemos classificar estes padrões de conhecimentos que entendo fazerem parte da área de TIC, e fazendo isto através de uma linguagem mais técnica inicialmente. Na tabela a seguir, focarei nos tipos de conhecimentos e como estes podem estar associados com a nossa carreira de TIC. Para esta dissertação de casos, desprezarei a necessidade de incluir alguns tipos de conhecimento que são irrelevantes para os meus propósitos pretendidos, como o teológico, mítico, sensorial, artístico e outros.

OBS: os "exemplos relacionados à nossa área de TIC" da tabela a seguir mesclam, de forma muito íntima e implícita "conhecimento" e "habilidade", mas saiba de antemão que são coisas distintas. Isto será esclarecido posteriormente neste artigo.

Tipos de conhecimentos, suas características e situações gerais, e como estes estão relacionados com a nossa carreira na área de TIC
Empírico Científico Filosófico Tácito
Definição É o tipo de conhecimento que adquirimos no dia-a-dia, obtido principalmente por observação, experiência em lidar com os resultados herdados por senso comum; conhecimento obtido através da vivência com equipes e times de trabalho. É chamado também de conhecimento popular, vulgar, ou por herança. Esse tipo de conhecimento engloba análises de informações e fatos que foram cientificamente comprovados por meios de métodos, observações associadas à experimentações, e servindo para atestar a veracidade ou falsidade de determinada teoria ou conceito. É o conhecimento que surge das reflexões que fazemos sobre as questões imateriais e subjetivas, baseado na reflexão e construção de conceitos e ideias, a partir do uso do raciocínio em busca do saber, e tendo como principal preocupação questionar e encontrar respostas racionais para determinadas questões, mas não necessariamente comprovar algo. Similar ao conhecimento empírico, o conhecimento tácito se baseia nas experiências vivenciadas individualmente por cada pessoa ao longo da vida, sendo, neste caso, um conhecimento particular do indivíduo. Frequentemente obtido com base na tentativa e erro.
Valor É valorativo, pois este tipo de conhecimento apoia-se nas experiências pessoais. Acredita-se que o conhecimento empírico ajuda a percorrer um caminho mais curto, através do qual relacionamos tudo o que observamos com nossas experiências anteriores. O valor deste conhecimento é factual, uma vez que lida efetivamente com fatos e ocorrências. Valorativo, pois este tipo de conhecimento lida com hipóteses que não podem ser observadas. É valorativo, pois este tipo de conhecimento apoia-se nas experiências pessoais, mais ainda do que os conhecimentos obtidos de forma empírica.
Verificação É verificável, pois se trata de situações ligadas ao dia-a-dia. É verificável, pois é alimentado por fatos e resultados. Não é verificável, pois se trata de teorias que não podem ser testadas. Ou seja, seu ponto de partida consiste em hipóteses, as quais não poderão ser submetidas à observação É verificável, pois se trata de situações ligadas ao dia-a-dia.
Exatidão Falível, pois não é definitivo, já que determinada idéia ou teoria pode ser derrubada e substituída por outra, e inexato. Falível, pois não é definitivo, já que determinada idéia ou teoria pode ser derrubada e substituída por outra, a partir de novas comprovações e experimentações científicas, e aproximadamente exato. Infalível, pois suas hipóteses e definições não são submetidas ao decisivo teste da observação ou experimentação. e exato. Falível, pois não é definitivo, já que determinada idéia ou teoria pode ser derrubada e substituída por outra, e inexato.
Sistema É assistemático, pois é organizado com base nas experiências do indivíduo exercitadas sob senso comum. É sistemático, pois todo o conhecimento é ordenado logicamente. É sistemático, pois este conhecimento busca uma coerência com a realidade estudada. É assistemático, pois se baseia nas experiências vivenciadas individualmente ao longo da vida.
Exemplos gerais
  • Leite com manga faz mal.
  • Chá de boldo cura problemas no fígado
  • Beber café para ficar acordado.
  • Um agricultor que, mesmo sem nenhum estudo, sabe exatamente quando plantar e colher cada vegetal.
  • Bombril nas antenas dos televisores antigos para melhorar a recepção do sinal
  • Lei da Gravidade
  • Biogênese
  • Teoria da Relatividade Geral
  • Teorema de Pitágoras
  • Sequenciamento de DNA
  • Entrelaçamento quântico
  • Tabela Periódica
  • Leis de Newton
  • Princípio de Arquimedes
  • Algoritmo de Dijkstra
  • "O ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflete." (Aristóteles)
  • "Só sei que nada sei." (Sócrates)
  • “Todos vêem o que você parece ser, mas poucos sabem o que você realmente é” (Maquiavel)
  • “Ao falar você apenas repete o que já sabe, mas ao ouvir, talvez possa aprender alguma coisa.” (Dalai Lama)
  • “Pouco conhecimento faz com que as pessoas se sintam orgulhosas. Muito conhecimento, que se sintam humildes.” (Leonardo da Vinci)
  • "Não existem métodos fáceis para resolver problemas difíceis." (René Descartes)
  • Andar de bicicleta
  • Tocar instrumento musical (sem relação com o conhecimento artístico)
  • Aplicar um complexo e plástico golpe de capoeira!
  • Arriscar-se com êxito fazendo parkour no alto dos edifícios

Em todos estes casos, tratam-se de algo que é aprendido apenas a partir da experiência e tentativa, sendo desnecessário o uso de instruções escritas ou orais para aprender.

Exemplos relacionados à nossa área de TIC
  • O profissional que adquire experiência no dimensionamento e provisionamento de circuitos de comunicação de dados com base nos conhecimentos adquiridos por senso comum, tais como procedimentos estabelecidos por áreas internas da empresa.
  • O profissional de operação de redes que conduz configurações do protocolo de roteamento OSPF com base em experiência adquirida com os procedimentos e padrões definidos pela área de Engenharia da empresa, adquirindo boa competência e segurança no procedimento.
  • O profissional adquire experiência no provisionamento/ativação de circuitos ou serviços (ex: L3VPN, L2VPN, BGP) de clientes em um ISP seguindo um roteiro ou conhecimento herdado. Apesar da experiência e fluidez ao executar o procedimento, o profissional muitas das vezes não conhece bem o funcionamento destas tecnologias ou não sabe justificar os métodos empregados.
  • O profissional que executa intervenções nas configurações dos elementos de rede com bastante fluidez e obedecendo as guias operacionais (GMUD) instauradas pela área de Operações da empresa.
  • O profissional que dimensiona e provisiona circuitos de comunicação de dados empregando o Teorema de Shannon–Hartley para explicar conceitos de capacidades de circuitos digitais, incorporando em seu trabalho os conceitos discutidos pelo RFC 5136 (Defining Network Capacity), RFC 2544 (Benchmarking Methodology for Network Interconnect Devices), dentre outras práticas, metodologias e ferramentas.
  • O profissional que, ao projetar, implantar ou suportar uma rede OSPF compreende o funcionamento do algoritmo Dijkstra para a determinação de caminhos de menor custo, e sabe dissertar com propriedade sobre os componentes gerais do OSPF, ou que projeta redes OSPF conhecendo seus componentes e boas práticas.
  • O profissional que descreve de forma correta e fluida sobre cada um dos componentes envolvidos na composição de um serviço de cliente (L3VPN, L2VPN, BGP), atentando quanto aos seus respectivos componentes e RFCs, procedimentos homologados pela documentação dos fabricantes de equipamentos, e características de funcionamento e integração do arranjo tecnológico destas soluções.
  • O profissional que desenvolve ou conduz/opera procedimentos de intervenção sobre a configuração de elementos de rede, relacionando corretamente as áreas funcionais e controles de frameworks consagrados da indústria, como ITIL, COBIT e Frameworx eTOM BPF, como ferramentas e métodos seguros para o gerenciamento de configurações.
  • O profissional que questiona a eficácia ou o propósito de uma nova tecnologia sendo impulsionada pelo mercado, liderada por um determinado fabricante, centrada na evolução das arquiteturas baseadas no MPLS. Neste caso, o Segment Routing.
  • "Por que isto é necessário?". "Por que não sanear a parte 'X' das implementações MPLS tradicionais, ao invés de reescrever o book inteiro, forçando bases inteiras de clientes a comprarem novos equipamentos somente para poderem acomodar o SRv6?".
  • O profissional que questiona a aplicabilidade da nova tecnologia de engenharia de tráfego baseada no Segment Routing (SR-TE), opondo-se de certa forma à favor dos cenários e soluções maduras e vigentes com a tecnologia RSVP-TE.
  • "Até onde é vantajoso empurrar uma tecnologia que, em termos de resultados práticos, fará efetivamente a mesma coisa que as implementações RSVP-TE atuais fazem?". "Valeria a pena substituir o hardware de grande parte da minha rede para acomodar o SR-TE, especialmente observando o caso do SRv6, apenas para reduzir a quantidade de protocolos no meu control plane?". "Não estaria o SR-TE, assim como o SRv6, mais alinhado com marketing/branding do que com soluções técnicas de fato inovadoras?".
  • O profissional que questiona os indicadores-chave de performance afetados pelas ações de Engenharia e Operações da empresa, e que busca sanear estes problemas com iniciativas que buscam equilibrar eficiência operacional, custos operacionais, desenvolvimento do potencial do capital humano; instauração de metodologias/métodos de reorganização ao suporte aos problemas que são percebidos pelos clientes e absorvidos pelas áreas internas da empresa.
  • O profissional que dimensiona e provisiona circuitos de comunicação de dados usando como "bússola" os conhecimentos obtidos por experiência prévia em outras áreas da tecnologia de redes, extraindo resultados baseados em observações próprias, in loco.
  • O profissional que realiza procedimentos de configuração e operação do OSPF com base em observações próprias, muitas vezes no regime de tentativa & erro e análises de resultados, incorporando seus próprios padrões e métodos na medida em que vai revelando o que pode ser feito e o que não deve ser feito.
  • O profissional que realiza configurações para ativação de um serviço de cliente (ex: L3VPN, L2VPN, BGP), muitas das vezes respondendo à demandas emergenciais ou necessidades de curto prazo, e que experimenta, na base da tentativa/erro, e análises de resultados, concluir o objetivo desejado sem que haja necessariamente um procedimento interno homologado para isto ou o emprego de práticas discutidas pelos padrões associados a estas tecnologias.
  • O profissional que aprende por osmose ou tentativa & erro que deverá possuir backup da configuração do equipamento antes de efetivar as modificações desejadas, ou que implementa um "commit confirmed" para rollback instantâneo, pois, da última vez que interviu na configuração de um equipamento, provocou acidentalmente um downtime que o isolou por longo período de tempo, além de afetar clientes. O profissional que sabe que precisa coordenar manobras de configuração na rede, pois compreende, por experiência prévia ou não, que a sua central de atendimento será inundada de telefonemas de clientes reclamando, desavisados da manobra.
  • O profissional que procura lembrar-se sempre de incluir o parâmetro "add" para o comando "switchport trunk allowed vlan" quando autorizando uma nova VLAN para um uplink/tronco em switches Cisco, pois, do contrário, sabe que, por experiência prévia, provocará uma grande indisponibilidade nos serviços da rede.

Note que não está sendo feito qualquer julgamento em termos de "que tipo de conhecimento é melhor?" porque isto simplesmente não existe! Em termos de resultados, ou eficácia, um conhecimento empírico pode ser (e muitas vezes é!) o meio mais correto ou indicado para resolvermos um problema, ou que um conhecimento puramente tácito promova os resultados desejados de forma mais efetiva que com um conhecimento empírico apenas. Um conhecimento científico não é melhor só porque é baseado em alguma teoria aliada à uma comprovação por método, pois um conhecimento filosófico pode resolver, e com alguma frequência isto acontece, um desafio que não está sendo possível resolver com um conhecimento científico; enfim, acho que você me entendeu.

Caso você não tenha identificado uma afinidade ou utilidade entre esta tabela acima e a proposta deste artigo, algo tipo "tudo muito supérfluo!", sugiro que repense! Apesar de ter um aspecto um tanto teórico, acho de suma importância você saber identificar como os seus conhecimentos vigentes estão enquadrados ou tipificados. Lá na frente isto poderá ser útil na hora de identificar o que precisa ser feito para aprimorar a maneira como você entende o funcionamento de determinadas tecnologias ou soluções, ou quais práticas e processos precisam ser aprimorados para um suporte mais efetivo destas, dentre outras situações. Alguns exemplos de como este "drag & drop" poderia ser feito:

  • De tudo o que você sabe dissertar ou executar, em sua forma mais prática ou efetiva (implantar, configurar, operar, prestar suporte), ou seja, tecnologias, equipamentos, soluções, processos e afins, o que de fato você:
    • Conhece por herança organizacional, seja na empresa atual ou experiências prévias, ou através de convívio e troca de experiências com grupos de indivíduos e suas opiniões?
      • Procure identificar e relacionar estas habilidades e competências.
        • Por exemplo, adquiriu uma habilidade e experiência através de um roteiro, processo interno da empresa ("é assim que você deve fazer", "assim funciona", ou "não faça isto!"), modus operandi do setor da empresa, etc.
      • Estes seriam conhecimentos empíricos!
    • Conhece, por meios de algum processo de validação, e com o emprego de práticas documentadas em artefatos de indústria, BCOPs, frameworks, e com eficácias e resultados tecnicamente comprovados?
      • Procure identificar e relacionar estas habilidades e competências.
        • Por exemplo, adquiriu conhecimentos e experiência em um projeto e implantação de BGP integralmente apoiado por BCPs (BCP 38, 194, 185, MANRS); uma validação de circuito de dados com base no RFC 2544, etc.
      • Estes seriam os seus conhecimentos científicos!
    • Conhece por questionamentos de princípios de aderência, aplicabilidades, julgamento de utilidade, associação de benefícios e casos de uso?
      • Procure identificar e relacionar estas habilidades e competências.
        • Por exemplo, adquiriu conhecimentos e experiência em conduzir uma análise qualitativa de riscos ou de uma matriz funcional de qualidade; questionamentos e dissertações de casos quanto ao uso de determinadas tecnologias e soluções, etc.
      • Estes seriam os seus conhecimentos filosóficos!
    • Conhece por experiência e vivência próprias, ou seja, tentativa e erro, satisfação e frustração com resultados, etc.?
      • Procure identificar e relacionar estas habilidades e competências.
        • Por exemplo, saber identificar e antecipar riscos em determinadas manobras de configuração em função de experiência prévia ruim; saber conduzir uma operação através de uma ordem apropriada, evitando-se problemas de indisponibilidades, também por experiência prévia; saber qual versão de software usar por não conter um bug que, em um caso anterior, provocou um distúrbio na sua infraestrutura; saber que, antes de ativar um recurso no software de seu roteador, por experiência prévia/própria, outro recurso deve estar habilitado como pré-requisito, do contrário não funcionará ou provocará algum tipo de distúrbio, etc.
      • Estes seriam os seus conhecimentos tácitos!

Viu só? Nem tudo o que é teoria é "burocrático"! Há sempre como extrair coisas positivas de muitos conceitos teóricos ou aparentemente abstratos. E vou um pouco além neste discurso sobre como isto poderá ser útil para você. Imagine que você fizesse uma auto-avaliação (aliás, sugiro mesmo que faça isto!), qual seria o resultado? E quais seriam os significados destes resultados? Quanto aos "significados", eu tecerei uma opinião estritamente pessoal, pois a interpretação de cada caso é realmente bastante individualizada. Eu posso pensar de um jeito, e você de outro completamente diferente. Certo? Caso você tenha interesse em saber como eu (autor) penso, estas seriam as minhas respostas:

Pensamento do autor: uma avaliação geral e hipotética dos seus conhecimentos indicou a maior parte como sendo "tácita"

Isto para mim significaria uma coisa: generalizando aqui, você pode até ser bem "safo", mas desde que seus conhecimentos sejam realmente bem seguros e produzam bons resultados. O que é difícil. Explico o por que. São preocupantes as possíveis (e não confirmadas, por isto estou generalizando) divergências entre o que órgãos de indústria ou fabricantes promovem como recomendações e boas práticas, e o que você de fato executa ou como executa o seu trabalho.

Com a complexidade cada vez mais crescente das soluções tecnológicas, assim como os padrões de boas práticas operacionais, é pouco provável que um indivíduo majoritariamente "tácito" seja efetivo em suas atribuições, especialmente quando pensando aqui nas tantas métricas sobre as quais deverá estar apoiado todo o funcionamento do aparato tecnológico, ou seja, Disponibilidade, Performance, Segurança, Confiabilidade, Disponibilidade, Escalabilidade, e etc.

Dificilmente um indivíduo deste perfil conseguiria orquestrar um ambiente com conhecimentos puramente tácitos. "Ah, mas ele estudou o manual do fabricante para fazer o procedimento 'x'!", mas, peraí, isto não seria um conhecimento tácito! Assim como "ele seguiu o processo da Operação da empresa para fazer a configuração", mas, peraí, isto também não seria um conhecimento tácito! Compreende a diferença?

Não consigo vislumbrar um indivíduo majoritariamente "tácito" funcional, pois, tal perfil, seria um risco tremendo para os negócios de uma empresa. Gambiarras e experimentações individualizadas, com pouco ou nenhum apoio e suporte de conhecimentos científicos ou empíricos, não são uma opção! Nesta área de redes e afins, conhecimento tácito é algo muito íntimo e específico (vide os exemplos da tabela anterior), e geralmente são muito bons/úteis como complemento de outras formas de conhecimento, como o científico e o empírico.

Pensamento do autor: uma avaliação geral e hipotética dos seus conhecimentos indicou a maior parte como sendo "empírica"

Tudo o que um indivíduo aprendeu a executar num ambiente de redes obedecendo algum padrão ou procedimento estabelecido pela empresa ou pelo mercado ("senso comum"), é considerado um conhecimento empírico. Assim como conhecimentos obtidos junto à uma comunidade de especialistas. O que é bom ou muito bom. Especialmente quando o indivíduo passa a entender os cuidados que devem ser observados durante a condução do trabalho em questão. Isto significa que na maior parte do tempo este indivíduo estará conduzindo atividades de acordo com padrões ou modelos confiáveis, realizando configurações, ajustes, manobras, adaptações e afins, tudo inspirado num esqueleto funcional, seguro, e resultados auditáveis ou perceptíveis.

É nessas horas, inclusive, voltando ao caso anterior, que os conhecimentos tácitos complementam e fazem a diferença: nem sempre os padrões ou procedimentos são bem elaborados ou seguros; nem sempre as descrições dos requisitos e respectivas tarefas asseguram que o trabalho a ser realizado estará isento de riscos ou que vá funcionar "de primeira". Como ocorre por muitas vezes, o indivíduo tende a perceber isto e a tomar cuidados extras na hora de conduzir seus trabalhos, podendo usar a sua própria experiência/vivência na hora de fazer as coisas, evitar armadilhas, maximizar resultados, etc. É nessas horas que o indivíduo "safo" usa a sua experiência (conhecimentos tácitos) como complemento aos conhecimentos obtidos de forma empírica ou científica.

Pensamento do autor: uma avaliação geral e hipotética dos seus conhecimentos indicou a maior parte como sendo "filosófica"

Um indivíduo, através de uma demanda cotidiana que implemente ações cujos conhecimentos correspondentes/associados foram obtidos de forma empírica (um procedimento, um processo, um modelo...), não importando em qual estágio de sua carreira ele obteve este conhecimento, poderá eventualmente divergir de opiniões. Poderá não concordar, pelo menos não inicialmente, ou até que seja convencido por alguém. Poderá ponderar, questionar os propósitos imputados ou critérios adotados. E, em função disto, poderá desejar modificar ou aprimorar aquela demanda ou aquele processo. Refinar o método como um todo, ou parte dele.

Obviamente que, "questionar", "ponderar", ou "criticar" apenas, recusando-se a todo custo a cumprir com o seu dever, qualquer que tenha sido a tarefa imputada a ele, eu não chamaria isto de conhecimento filosófico, e sim de "birra de criança". O conhecimento filosófico não é fazer birra ou ter atitudes antiprofissionais! O que se espera de uma iniciativa correta para estes casos é um perfil questionador de um indivíduo trazendo à tona novos desafios e propósitos para a elaboração de novas respostas, e tudo objetivando efetividade e resultados.

Isto é uma qualidade de conhecimento que tipifica bem um perfil de profissional centrado em qualidade e resultados, e vemos isto muito presente em arquitetos de soluções, alguns perfis de gestores, e até mesmo em engenheiros de redes e analistas.

Argumentos, justificativas e motivações para a busca de conhecimentos na área de TIC

Fugindo aqui momentaneamente deste discurso de tipo de conhecimentos, e retornando ao tema de motivações abordado previamente, mas, desta vez, incorporando justificativas e argumentos na fórmula, quais são as principais motivações, justificativas e argumentos para que um indivíduo vá buscar efetivamente conhecimentos relacionados aos temas da área de TIC? Tentemos exercitar isto de forma ampla e um pouco generalista, desprezando as individualidades que movem o coração de cada um de nós. Talvez eu esteja acertando em boa parte sobre tudo o que está sugerido a seguir, mas é bem provável também que você mesmo possua seus próprios argumentos, justificativas e motivações.

Alguns casos de argumentos, justificativas e motivações para a busca de conhecimentos na área de TIC
Argumentos
Requisitos para Funções Vigentes Requisitos para Funções Futuras Requisitos para Prospecções e Planos de Carreira
Obter as qualificações e competências para a conformidade com requisitos vigentes, os quais são estabelecidos pelo empregador. Aprendizado e domínio de novas tecnologias, equipamentos ou ferramentas, como parte de um processo de adoção tecnológica na empresa, os quais são impostos ou estabelecidos pelo empregador. Obter as qualificações e competências exigidas para enquadramento de perfil junto à uma vaga ou oportunidade pretendida pelo mercado de trabalho.
Aprimorar as habilidades em alinhamento com os requisitos vigentes, os quais são impostos ou estabelecidos pelo empregador. Aprimoramento e domínio de habilidades para remodelagem em futuro próximo de componentes, processos e práticas vigentes, e a extração de melhores resultados com o uso de tecnologias atuais, em grande parte por iniciativa própria. Obter as qualificações e competências exigidas visando a evolução ou crescimento de carreira, na mesma empresa em que atua no momento ou em outras oportunidades e prospecções.
Justificativas
O empregador produz a descrição do cargo que você ocupa ("job description"), estabelecendo os pré-requisitos para a função, dentre habilidades "hard skills" e "soft skills". Tecnologias evoluem. Equipamentos e software ficam obsoletos. Novas ferramentas e solução são introduzidas para aprimorar funções. Ciclos de compras de soluções a cada 3-5 anos. Nesta área, esta será a sua realidade quando atuando em praticamente qualquer empresa. O empregador produz a descrição do cargo que você pretende ocupar ("job description"), estabelecendo os pré-requisitos para a função, dentre habilidades "hard skills" e "soft skills".
Para manter-se neste cargo você precisa reunir as devidas comprovações de que ou possui estes pré-requisitos, além de, obviamente, demonstrar resultados no exercício da função. É esperado do indivíduo o devido compromisso em adquirir novas habilidades, desde a aprender a lidar com novo tipo de solução, ou equipamento de fabricante/modelo diferente daquele que você está habituado; dominar uma nova ferramenta; dominar um novo processo. É um processo contínuo de aprendizado. Para ocupar o cargo pretendido você precisa reunir as devidas comprovações de que ostenta ou possui estes pré-requisitos, além de experiência comprovada, etc., e isto é normalmente verificado em uma entrevista ou durante um processo seletivo.
Motivações
Por razões óbvias, decorrentes das relações trabalhistas, você precisa se "enquadrar". Numa relação trabalhista há uma troca: você fornece resultados através do seu trabalho, e o seu empregador o recompensa por isto.

Se você não conseguir fornecer resultados, por quaisquer que sejam os motivos, mas, neste nosso exemplo aqui, por insuficiência de conhecimentos, a probabilidade é que você seja desligado do cargo.

Manter-se empregado, por si só, já seria uma motivação, talvez a principal.

Conforme já citado para este caso, tecnologias evoluem. Equipamentos ficam obsoletos e são substituídos, sejam por questões de capacidade, inovação tecnológica (novos recursos), descontinuação ou longevidade de suporte do fabricante, ou decorrente de um novo projeto na área de concessão ou expansão.

Novos projetos sempre surgirão prevendo o atendimento de objetivos estabelecidos por áreas internas do negócio.

Empresas normalmente procuram capacitar os times atuais para lidar com estes novos desafios, ao invés de, toda vez que surgir um projeto com uma tecnologia nova, contratar mais e mais profissionais.

Nestas situações específicas você tem uma ótima oportunidade de aprender coisas novas, capacitar-se com novos conhecimentos e habilidades, e de evoluir tecnicamente em sua profissão.

A oportunidade de aprender e evoluir. Muitas vezes tendo acesso a recursos de treinamentos de custo elevado, inviáveis na ótica de investimento pessoal. A possibilidade de atuar em um projeto de visibilidade que vá enriquecer o seu currículo; a abertura de novas oportunidades.

A troca de experiências com profissionais diferenciados que poderão estar envolvidos num projeto juntamente com você (ex: especialistas do fabricante, profissionais-referência da área, etc). São ótimos motivações.

Quando somos jovens, temos um sonho. Desejamos ingressar no mercado de trabalho seguindo ou o nosso coração ou o que for mais viável ou conveniente em termos de oportunidade. O fato que a maioria quer mesmo é trabalhar.

Alguns tem a sorte de acertar em sua primeira oportunidade de emprego, pelo menos no que diz respeito à área ou segmento de trabalho pretendido.

Apesar de existirem ferramentas que facilitem a entrada de novos profissionais no marcado de trabalho, tais como programas de estágio e intercâmbios, ainda assim há alguns pré-requisitos que precisam ser preenchidos.

O jovem profissional pode até não ter experiência alguma na função, o que, inclusive, é o esperado na maioria dos casos.

Preparar-se devidamente para um processo seletivo, especificamente através da obtenção dos conhecimentos teóricos e técnicos exigidos para a oportunidade em questão, garantiriam chances bem maiores de êxito.

Preparar-se adequadamente para suprir algo "extra", além do que está sendo exigido, mas que seja compatível com a função/oportunidade pretendida, aumentariam ainda mais estas chances.

A oportunidade de você começar direito. A oportunidade de você dar o pontapé inicial na sua carreira e já preenchendo as competências-base de tudo aquilo que norteará a sua evolução na área. O seu primeiro emprego. São excelentes questões motivacionais.

Muito frequentemente conseguimos uma vaga para um emprego sem necessariamente atendermos a todos os requisitos que foram definidos para esta, mas, quando isto acontece, normalmente preenchemos os principais requisitos, restando "apenas" alguns destes a serem cumpridos.

Nestes casos, geralmente o empregador está "apostando" em você, nas suas habilidades, e na sua capacidade de desenvolver-se continuadamente, buscando preencher "in loco" aqueles requisitos que você não preencheu quando assumiu aquela função.

Manter-se empregado. Não decepcionar aqueles que apostaram em você. Aprender uma nova habilidade; evoluir. Ser reconhecido pelos seu esforço e comprometimento. Seriam ótimas motivações.

Nem todas as situações de "cenário futuro" precisam ser por imposição do empregador ou por circunstâncias de novos projetos iniciados pela empresa.

Você pode (e deve!) estar atento e sensível às áreas de desenvolvimento e aprimoramento pessoal. A educação continuada poderá abrir novas oportunidades na empresa em que você atua, ou em novos mercados.

Ao aprimorar as suas habilidades e conquistar novos conhecimentos, você adquirirá naturalmente um senso crítico que tende a funcionar como uma "faísca" para o surgimento de novas formas de fornecer resultados para os negócios da companhia ou para as suas próprias atribuições.

Nestas situações, você pode conquistar novas oportunidades, tais como encabeçar um novo projeto iniciado por você mesmo, liderar um time, tornar-se uma referência para a resolução de problemas críticos, pontuais ou recorrentes, destravar quase que por completo o seu pontencial.

A satisfação de projetar e construir coisas, de sentir uma afinidade entre aquilo que você vislumbrou e aquilo que está acontecendo; reputação, credibilidade, saber que a empresa e seus colaboradores podem contar com você; a perspectiva de aumento salarial ou de promoção para um cargo. Todos estes são ótimas motivações.

Talvez você esteja passando por aquela fase de não sentir-se mais motivado com a função atual.

As vezes, você até encontra-se motivado, mas não se sente desafiado o suficiente e não vê perspectivas de mudanças na dinâmica do seu trabalho na função atual.

Você quer evoluir, quer dar o próximo salto na sua carreira, seguir adiante.

Crescer profissionalmente, ser melhor recompensado por isto; ter uma equiparação salarial proporcional ao valor que você pretende fornecer para o seu empregador.

Preencher um cargo mais ousado, ter mais responsabilidades, tomar decisões importantes.

Isto raramente acontece no "modo automático"; sem planejamento.

Você realmente terá que trilhar este caminho, ou seja, planejar todas as ações que viabilizarão este upgrade na carreira.

Você precisará ser ousado, sistemático, organizado. Quase que por simbiose, estudar + capacitar-se + implementar as suas idéias na forma mais prática ou objetiva possível. Sem fazer isto, dificilmente você conseguirá absorver os conhecimentos que possibilitarão este impulsionamento na sua carreira.

Dar efetivamente o próximo salto, evoluir objetivamente na carreira. Conquistar novos horizontes; aumento salarial; aspiração de um cargo mais valorizado e diferenciado. Tornar-se uma referência; um profissional conhecedor, credenciado e respeitado. São todas estas excelentes motivações.

Conhecimentos, Habilidades, Atitudes e Competências (CHAC) e desempenho: as suas diferenças, e como reuni-las

Como já dissertei um tanto sobre conhecimentos, está na hora de partirmos para a questão de habilidades, atitudes, competências, e o desempenho. Muitos acreditam que conhecimento e habilidade sejam a mesma coisa. Pode parecer confuso, mas, na verdade, não são. Também não significam exatamente a mesma coisa "habilidades" e "competências". Esta seção do artigo aborda a minha visão sobre as diferenças entre estes casos, e inclui no bolo também as atitudes que deverão acompanhar o seu desenvolvimento profissional com estes conhecimentos, habilidades e competências, e como o desempenho participa disto tudo.

O conhecimento é o entendimento técnico ou teórico de um assunto específico. Na área de TIC, é perfeitamente possível você ler bastante e informar-se sobre uma tecnologia que não necessariamente faça parte do seu perfil ou de seu cotidiano. Por exemplo, "estar por dentro" (bem informado) sobre desenvolvimento de aplicações Web, quando, na prática, você é um profissional de redes. Como outro exemplo, você pode ser bom conhecedor de "segurança da informação" por ter lido ou até mesmo estudado muita coisa nos aspectos teórico e técnico, feito cursos/treinamentos, etc., mas isto não significa que você possua as habilidades associadas aos conhecimentos obtidos. São duas coisas completamente diferentes. É possível que você não esteja trabalhando com determinada tecnologia, isto é, você (ainda) não atua na prática com os casos discutidos por uma dada tecnologia, mas que você tenha um interesse natural pelos temas daquela área e, consequentemente, passe a estudar estes temas, ganhando boa fluência teórica e técnica.

A habilidade, por sua vez, é a sua capacidade de saber executar aquelas coisas que são ditadas pelos seus conhecimentos adquiridos. Ou seja, você aprendeu a tecnologia, solução ou ferramenta; obteve os devidos conhecimentos, e, através de muita prática em ambientes que simulam condições e cenários reais, adquiriu as boas habilidades associadas a estes conhecimentos. Ou, melhor ainda, executou estes conhecimentos in loco em um projeto ou situação cotidiana. Há uma diferença razoável entre conhecer bem alguma coisa e possuir as habilidades "abençoadas" para saber lidar com estas questões nas suas formas mais práticas.

Um exemplo aqui: eu (autor) sou aficcionado por astronomia e astrofísica, e passo horas todas as semanas lendo sobre o tema, "estudando", me informando de verdade. Isto me coloca na condição de conhecedor do tema (e numa escala que vai de "leigo total", "iniciante", até "crânio master", embora eu esteja bem longe desse nível aí), mas nem de longe isso representa uma habilidade: eu seria incapaz de atuar nesta área com os conhecimentos que possuo no momento, e me enxergo muito distante disso tudo. São realidades completamente distintas. Você ler bastante sobre um assunto traz muito conhecimento, fato, mas o quanto disso se traduz em habilidades? Ler e decorar todas as bulas de medicamentos, saber dissertar de cor e salteado sobre elas, não te faz um médico farmacologista!

A atitude tem relação com a forma em que você enxerga esta referência entre os conhecimentos que são indispensáveis para os seus propósitos de carreira (vide tabela "Argumentos, justificativas e motivações para a busca de conhecimentos na área de TIC") e a preparação e obtenção efetiva das habilidades necessárias correspondentes. Entenda que empregadores/empresas/clientes estão interessados em mais que apenas você conhecer alguma coisa: todos esperam confiança no seu trabalho, além os devidos resultados! E, acredite, esta confiança vem desde o início das relações pretendidas (ex: um processo seletivo, uma proposta para prestação de serviços, uma reunião de negócios para fechar um contrato), durante a própria condução do seu trabalho (a maneira como você inicia e planeja as atividades, organiza o seu trabalho, justifica as suas ações, efetiva configurações, realiza o suporte etc.), enfim, tudo isto move o ponteiro do "desconfiômetro" para baixo ou para cima. Quem nunca ouviu falar de casos de "fulano falando é quase que um mestre, mas, na hora de colocar a mão na massa, 'trava'"? Essa é a diferença entre conhecimento e habilidade! A atitude é o que você deve fazer a respeito para transformar os seus conhecimentos em habilidades. São os seus métodos, práticas, disciplina, responsabilidade, compromisso, proatividade e ação.

A competência pode ser definida como um conjunto de habilidades harmonicamente desenvolvidas para caracterizar a sua função ou profissão, como, por exemplo, um engenheiro de redes. Enquanto habilidades tendem a ser coisas mais específicas (por exemplo, um protocolo, um equipamento, um serviço), uma competência, por sua vez, é o desenvolvimento de um conjunto de habilidades que fornecem este perfil tipificado para um cargo/função. Para exemplificar, um engenheiro de redes deve possuir diversas competências, cada qual reunindo seus conjuntos de habilidades necessárias para o exercício da função.

Já o desempenho trata-se de um indicador da competência que pode ser usado para mensurar o grau de aptidão e resultados de um indivíduo no exercício de suas funções. Uma questão interessante envolvendo o desempenho é que, ao mesmo tempo, não é um sinônimo integral de competência! Confuso, não? Eu explico: um desempenho ruim pode não indicar exatamente uma falta de competência, e sim, possivelmente, em alguns casos, que os resultados ruins tem sido provocados por interferências e fatores alheios às competências do indivíduo, tais como a ausência de materiais/recursos em condições adequadas para a condução de um trabalho, as próprias condições de trabalho no geral, aspectos emocionais que por ventura estejam afetando a qualidade do trabalho daquele profissional, enfim, a lista é grande aqui. Mas, no geral, podemos afirmar e utilizar o "desempenho" como métrica de determinação da competência de um indivíduo.

Se organizássemos estes conceitos teríamos os seguintes resultados:

  • Conhecimentos representam aquilo que você sabe, obtidos de forma empírica, tácita, científica e filosófica. Treinamentos, cursos, palestras, workshops, brainstorms, etc., são formas de você obter ou aprimorar seus conhecimentos.
  • Habilidades representam a tradução destes conhecimentos para um plano ou aspecto mais prático. É o "saber fazer" propriamente dito. Ou seja, como você utiliza os conhecimentos obtidos na sua vida profissional, nas tarefas do cotidiano, etc. O seu envolvimento em ações mais práticas tais como desenvolver um projeto, instalar e configurar equipamentos, aditivar uma funcionalidade no seu projeto lógico, efetuar diagnóstico e suporte a problemas, etc., são exemplos de habilidades. Muitas habilidades, apesar de poderem ser demonstradas na prática, não envolvem você ter que lidar diretamente com o componente relacionado ao conhecimento correspondente numa implementação ou ação de suporte. Por exemplo, conhecimentos aprofundados sobre um determinado protocolo de roteamento (ex: BGP), mas que você não vá lidar com isto num equipamento, e sim em um plano de projeto, elaboração de um cronograma, produção de uma uma documentação, ou geração de um novo processo referente a esta tecnologia; estes seriam o caso de um engenheiro de pré-vendas ou Systems Engineer.
  • Competências representam os conjuntos de habilidades que tipificam o seu cargo/função. Quando uma competência de "routing e switching" é demandada para um perfil profissional (engenheiro de redes), o que assumimos neste caso? Que você tenha experiência em dissertar sobre o equipamento, suas características físicas e lógicas, capacidades; instalação física e configuração lógica, lidar com um projeto técnico que informe como as tecnologias estarão integradas na rede, quais padrões e diretivas de configuração deverão ser implementados, a configuração e manutenção efetivas da solução, etc. Isto é um exemplo de uma competência típica de um engenheiro de redes. É importante salientar que há diferenças entre as palavras "competência" e "competente". A "competência" significa possuir habilidades, comportamentos e atitudes compatíveis com as tarefas que fazem parte da sua função profissional, em qualquer situação relacionada às suas atribuições. A palavra "competente" significa ter capacidade para fazer algo em determinado momento.
  • Desempenho é a demonstração das suas competências na forma de resultados. É o indicador de que você é efetivo na condução das habilidades que constituem estas competências.

Habilidades técnicas ("Hard Skills") e habilidades comportamentais ("Soft Skills")

Nem tudo aquilo que deve fazer parte do perfil do profissional é composto por apenas habilidades técnicas, ou "hard skills"! É verdade que por muitos anos os critérios de seleção de um perfil profissional durante processos de recrutamento eram baseados quase que integralmente nestas habilidades mais técnicas, como competências relacionadas exclusivamente a equipamentos, tecnologias, protocolos, serviços e soluções. Para ser honesto, atualmente as habilidades comportamentais pesam significativamente a favor ou contra as chances do candidato de conseguir um emprego, promoção ou aumento de salário!

Com o mundo cada vez mais dinâmico e conectado, com desafios mais complexos a serem superados e tudo mais, espera-se do indivíduo em muitos casos habilidades que vão além do que ele sabe fazer com determinado tipo de solução. As empresas e seus processos seletivos estão cada vez mais rigorosos nesta parte envolvendo habilidades comportamentais e interpessoais. Antes de explicar como podemos desenvolver ambos os tipos de habilidades, acho que convém mostrar alguns exemplos de cada caso.

Exemplos de habilidades técnicas ("hard skills") e habilidades comportamentais ("soft skills")
Habilidades técnicas (hard skills) Características Habilidades comportamentais (soft skills) Características
Atitude A atitude é uma habilidade comportamental pouco específica, pois abrange uma diversidade de possibilidades, mas não menos apreciável: na verdade, é uma das características mais cobiçadas por empregadores, clientes e prospecções.

No geral, a atitude é praticamente "um conjunto de atitudes" que define o seu perfil como indivíduo e profissional. Apresentarei alguns exemplos de atitudes ainda nesta tabela.

Capacidade analítica A capacidade analítica é essencialmente uma forma de pensar que tem como objetivo a explicação de situações e fatos por meios de uma decomposição mais simples e de fácil explicação.

Um profissional com boa capacidade analítica tem muita facilidade em interpretar dados e fornecer explicações simples, mas não menos úteis, para situações complexas e em momentos decisivos.

Capacidade de persuasão A persuasão é uma forma de comunicação estratégica que é feita através de argumentos lógicos ou simbólicos, sendo a capacidade de argumentação e a retórica essenciais para conseguir persuadir alguém ou modificar o panorama de alguma situação a seu favor, ou a favor da sua empresa, em uma negociação ou gerenciamento de crise.

A persuasão precisa estar acompanhada de outras habilidades comportamentais, como a ética, empatia, criatividade, capacidade de comunicação (em muitos casos) e inteligência emocional.

Na área de TIC, é uma habilidade indispensável para profissionais de vendas, pré-vendas e palestrantes, mas também pode ser útil para profissionais de perfil mais técnico.

Capacidade de trabalhar sob pressão Em poucas palavras, é uma habilidade que permite o indivíduo identificar prioridades para assegurar os resultados almejados, permitindo ainda a definição das melhores ações, mesmo em condições adversas, ao mesmo tempo em que mantendo-se o equilíbrio pessoal, respondendo às demandas e privilegiando frequentemente a qualidade e o prazo daquele objetivo.

Muitos cargos e funções exigem um perfil de indivíduo que saiba lidar com trabalho sob pressão. Na nossa área, times de suporte, logística e operações são constantemente bombardeados por situações que exigem este tipo de habilidade.

Trabalhar sob pressão (ou ter essa capacidade) automaticamente inclui outras habilidades comportamentais, como a inteligência emocional e a flexibilidade ou resiliência.

Comunicação interpessoal A comunicação interpessoal é uma habilidade comportamental que que indica a proficiência do indivíduo em estabelecer comunicações efetivas com outras pessoas ou grupos de indivíduos, com foco nas relações e troca de idéias e experiências.

Alguns cargos e funções fazem extenso uso de comunicação entre as partes, e o indivíduo com boa comunicação interpessoal conseguirá desempenhar as suas funções com naturalidade.

Criatividade A criatividade é a capacidade de criar, produzir ou inventar coisas novas, bem como a capacidade de transformar situações e inovar no modo de agir.

Dentre os atributos de um profissional criativo temos a curiosidade e a forma diferente de olhar as coisas, além da busca incessante por novas oportunidades e possibilidades.

Na área de TIC, a criatividade é fundamental para todo e qualquer profissional que estiver engajado em produzir conceitos para superar os desafios do negócio.

Projetistas (projetos de solução e adoção tecnológica), engenheiros de pré-vendas, times de vendas, dentre outros, precisam destacar bem esta habilidade, pois a criatividade faz uma diferença estupenda para as competências destes perfis.

Empatia Uma habilidade comportamental bastante peculiar que se traduz em uma capacidade notoriamente psicológica, e que envolve a compreensão e a troca de sentimentos e emoções entre dois indivíduos.

A empatia é uma capacidade bastante apreciada em diversas situações, e é um excelente fomentador de outras capacidades comportamentais, como a persuação, senso de liderança, positividade e trabalho em equipe.

Ética A ética dita a conduta humana e profissional, e a moral é a qualidade desta conduta, especialmente quando está em julgamento os pontos de vista do bem e do mal. Ou do certo e do errado. A ética é um conceito um tanto amplo (altruísmo, caráter, costume, hábito, etc.).

A ética deve ser exercitada sob o ponto de vista da certeza de que aquilo que você está fazendo é o certo, ou aquilo que seria o errado você não está fazendo, mesmo que, naturalmente, defendendo os interesses do seu empregador. Mas para tudo há um limite.

Sem ética pessoal e profissional, você estará fadado a orbitar o perímetro dos profissionais que transmitem desconfiança e insegurança para relações de trabalho. Reflita!

Falar em público
Flexibilidade / resiliência
Gestão do tempo
Inteligência emocional
Motivação
Paciência
Positividade
Proatividade
Rede de contatos ativos
Resolução de conflitos
Senso de liderança
Solução de problemas
Tomada de decisão
Trabalho em equipe